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Pistolas Walther (Rev. 3)

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No longínquo ano de 1592, nas florestas da Turíngia, armeiros e artesãos se reuniram para formar duas comunidades; uma delas foi denominada de Zella e a outra, Mehlis. Muitos anos depois, em 1886, quando essas duas comunidades já estavam unidas com o nome de Zella-Mehlis, um jovem com 26 anos de idade, Carl William Freund Walther (1858-1915) abriu a sua oficina de armas. Dela se originou uma das mais importantes e criativas empresas do ramo de fabricação de armas na Europa, a atual Carl Walther G.M.B.H. Sportswaffen, hoje mundialmente reconhecida pela alta qualidade, tecnologia e acabamento de seus produtos.

À esquerda, Carl Walther

O interesse inicial de Carl Walther foi, na verdade, suprir o mercado da época com armas longas, como fuzis e carabinas para o esporte da caça e do tiro de precisão, produtos que ele começou a produzir em Zella-Mehlis. Apesar de que, durante toda sua vida, Walther tenha produzido algumas armas de pequeno porte, foi só pouco antes de sua morte que uma pistola, projetada por seu filho Fritz, conquistou sucesso comercial, lançada em 1908 nos calibres 6,35mm e posteriormente em 7,65mm Browning. Nesta época, as belgas FN 1900 e 1906, bem como as alemãs Mauser WTP vendiam muito bem na Europa, e a Walther também teve a sua parcela de sucesso neste mercado.

Nesta ocasião, na Walther, tornou-se costume numerar os lançamentos dessas armas, consecutivamente. O modelo 1, por exemplo, era uma pequena pistola “blow-back”, ou seja, mecanismo que não utiliza o sistema de culatra trancada, para o pequeno cartucho 6,35mm (.25 Auto).

Acima, as pistolas Walther Mod. 1 e Mod. 2

Sua mola recuperadora situava-se sob o cano, solução similar à sua concorrente FN 1906. No modelo 2, lançada em 1909, optou-se em utilizar a mola recuperadora envolta no cano, idéia que permite um perfil mais baixo, munida de um “plug” roscado na parte frontal, de onde se podia retirar a mola para iniciar a desmontagem.

Com o sucesso nas vendas, a Walther apostou no mercado de armas mais potentes, surgindo então a modelo 3, que na verdade era idêntica à modelo 2, só que com uma estrutura mais reforçada e maior, em calibre 7,65mm Browning, optando agora por uma janela lateral para ejeção do cartucho ao invés de uma abertura de grande dimensão no ferrolho. Foi a primeira pistola da Walther a utilizar esse cartucho.

Com a eclosão da I Grande Guerra, a grande demanda por armas fomentou o mercado e a Walther foi uma das mais importantes fornecedoras de armas para uso neste conflito. Os modelos que surgiram nesta ocasião foram o 4 e o 5, em calibres 7,65mm Browning.

Na foto, Fritz Walther

O modelo 4 possuía uma espécie de bucha prolongadora na parte frontal, que permitia o uso de um cano mais longo, uma idéia similar à que foi usada posteriormente pelas Brownings modelo 10/22. O modelo 5 era inspirado no modelo 2 mas era mais elegante e esguia, em calibre 6,35 mm.

Nesta época, armas com calibres de diâmetro em torno de 9mm não eram só utilizadas pelas forças armadas da Alemanha, que adotavam o potente e eficiente 9mm Parabellum, usados nas Luger P-08 e nas Mauser C96. O resto da Europa também o fazia, com cartuchos mais ou menos similares; a Áustria com sua Steyr Hahn 1911, a Bélgica e Espanha com as Bergmann Bayard, a Inglaterra com a Webley e a Browning 1903. Porém, todos esses cartuchos não eram adequados ao sistema Walther de então, cujas armas, ainda no sistema “blowback“,  não suportavam cartuchos mais potentes. Veja mais sobre sistema de culatras em armas curtas, aqui neste site.

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O modelo 4 com seu prolongamento, permitindo um comprimento de cano maior.

Mesmo assim, estranhamente, a Walther lançou o seu modelo 6 em 9mm Parabellum em 1915, uma arma que, na verdade, era a modelo 4, porém mais reforçada.  Apesar dos engenheiros terem utilizado uma mola recuperadora muito mais forte, o suficiente para manter a culatra fechada até que a alta pressão do cartucho 9mm Parabellum baixasse a níveis seguros, reportaram-se diversos problemas de quebra de peças nessas armas, em campos de batalha. Ainda tem que se levar em conta o fato de os cartuchos 9mm Parabellum da época eram menos potentes do que os atuais, mas mesmo assim, perigosos para uso em armas sem fecho de culatra.

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A Walther modelo 5

Devido à grande diferença existente entre vários cartuchos deste calibre, desde o fraco 9mm Glisenti até os 9mm Parabellum utilizados nas sub-metralhadoras Beretta, atingindo pressões que beiram as 24.000 libras/pol², é bastante arriscada a utilização dessas armas com munições modernas. Mais seguro é mantê-las como peças curiosas e de coleção, sòmente. Entretanto, em 1917 a Walther parou a fabricação do modelo 6 em 9mm Parabellum e recalibrou a arma para o cartucho .380 ACP, ou 9mm Kurtz, e aí sim, a pistola se tornou uma arma bastante confiável.

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Acima, Walther Mod. 6 calibre 9mm Browning Curto, o atual 380 ACP, depois da problemática Mod. 6 em 9mm Parabellum

A sua sucessora, o modelo 7 era, na verdade, apenas uma versão menor da modelo 6 em calibre 6,35mm, arma que teve muita aceitação por oficiais e membros de órgãos de segurança, como pistola de uso dissimulado. Apesar da boa aceitação de suas armas, em 11 de novembro de 1918 a Walther interrompeu a fabricação de armas e dedicou-se ao fabrico de materiais óticos de precisão, sob a supervisão das potências vencedoras do conflito. Dezoito meses depois, e devidamente fiscalizada pela Liga das Nações, a Walther retomou suas atividades no fabrico de armas leves.

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A pistola Walther modelo 7

Os anos 20 consolidaram ainda mais a Carl Walther,  com Georg Walther dirigindo a produção e Erich Walther encarregando-se das vendas. Devido às restrições do Tratado de Versalhes, a Alemanha só podia produzir armas pequenas e com potência limitada. Desta feita, foram lançados os modelos 8 e 9, em calibres 6,35mm, armas com inovações de projeto que já anunciavam o que viria pela frente, alguns poucos anos depois. O modelo 8 seguia, em vários aspectos, a tendência de estilo das pistolas de Browning. Desde o lançamento do modelo 8 até 1936, quando a Walther celebrou seu cinquentenário, se fabricaram mais de 200.000 pistolas deste tipo e continuaram a sua produção até a chegada do Exército Americano em Zella-Mehlis, em 1945.

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A pistola Walther modelo 8

Outro exemplar da pistola Walther Mod. 8 vista do seu lado esquerdo

Os modelos PP e PPK

Em 1929, a Walther lança o modelo PP, cujas iniciais significam “Polizei Pistole“, ou seja, pistola policial. Foi sem dúvida alguma o mais importante lançamento da Walther no período entre guerras, desenvolvida pelo engenheiro Fritz Walther. Até meados de 1945, a produção da casa supriu grande parte das necessidades das forças militares e policiais, tanto no modelo PP como de sua derivação mais curta, lançada em 1931, o modelo PPK, que significa  “Polizei Pistole Kurz“, denominação que acredito ser a mais correta, ou “Polizei Pistole Kriminalmodell“, como preferem alguns autores.

Dois exemplares do modelo PP, quando ainda eram produzidos em Zella-Mehlis, com as placas em ebonite preto. O da foto superior possui um prolongador abaixo do carregador, apenas para um apoio adicional ao dedo mínimo.

O modelo PP/PPK é uma pistola de culatra tipo “blowback” com cano fixo à armação, e totalmente usinada em aço, baseada em algumas soluções já empregadas no modelo 8. Alguns poucos exemplares foram fabricados com a armação em duralumínio, alguns anos antes da II Guerra. Utiliza o sistema de dupla-ação, ou seja, para o primeiro disparo, desde que já exista uma cápsula na câmara, basta puxar o gatilho, como em um revólver. A partir daí, a pistola passa a funcionar em ação simples pois o recuo do ferrolho arma o cão, que é exposto e pode portanto ser desarmado manualmente.

O mecanismo é um pouco complicado, detalhe bastante comum em projetos de armas alemãs, com muitos pinos e peças pequenas. As miras são fixas e seu carregador monofilar tem capacidade para 8 cartuchos na PP e 7 na PPK (no calibre 7,65mm), com botão de liberação do lado esquerdo. Aliás, alguns modelos desta arma foram fabricados com o menos prático, porém mais habitual sistema de liberação de carregador em uso na Europa, ou seja, uma tecla retém situada na parte de baixo da empunhadura, que infelizmente não permite se extrair o carregador com uma só mão.

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A Walther PPK – nota-se aqui a placa da empunhadura em plástico, e em uma só peça, envolvendo a parte posterior da empunhadura.

Essas armas possem um sistema de trava muito eficiente, pois ela atua diretamente num ressalto existente no percussor, travando-o em seu curso. A trava é acionada através de uma tecla rotativa localizada do lado esquerdo do ferrolho, com duas posições: tecla na horizontal a arma se encontra destravada; tecla na posição girada para baixo, arma está travada. Caso a arma se encontre com o cão armado (engatilhada) e essa trava é aplicada, o percussor é bloqueado e ato contínuo o cão é desarmado, causando uma espécie de “picada em seco”. Apesar de parecer algo simples, é uma ação perigosa, pois têm que se confiar totalmente em um sistema mecânico para que a arma não dispare. Aconselha-se executar esse procedimento com a pistola voltada para uma posição segura ou segurar o cão com um polegar, amortecendo a sua queda, instruções constantes do próprio manual da arma.

Além disso, a arma dispõe de uma espécie de segurança “automática” pois, através de um engenhoso mecanismo, o cão não atinge o percussor na sua posição de descanso; isto só acontece quando, deliberadamente, se pressiona o gatilho até quase perto da situação de disparo. Em sua época, as PP e PPK só rivalizavam quanto aos quesitos de segurança com a rival e excelente pistola da Mauser, o modelo  HsC.

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A Walther PPK, vista de seu lado direito.

Ambos os modelos possuíam um indicador de cartucho carregado na câmara, utilizando um pino que se sobressai na parte traseira do ferrolho, opção inexistente nos modelos em calibre .22LR. Convém notar que quanto aos calibres, a grande maioria das PP e PPK foram feitas para o cartucho 7,65mm Browning, seguidas depois do calibre .380 (9mm Kurz) e finalmente em calibre .22LR. Entretanto, embora sejam raras, existiram modelos em calibre 6,35mm Browning. A capacidade dos carregadores variava da seguinte forma: na PP, 9 cartuchos no calibre .22, 8 no calibre 7,65mm e 7 no calibre .380. No modelo PPK, um cartucho a menos do que no modelo PP levando-se em conta os mesmos calibres.

Uma variante posteriormente criada foi chamada de PPK/S (“Special“); serviu principalmente para suprir o importante mercado norte-americano. A arma era uma “mistura” de ambos os modelos;  combinava a armação da PP com o mais curto conjunto de cano e ferrolho da PPK. As restrições do American Firearms Owners Protection Act de 1968, que criava limites estabelecendo tamanho mínimo admissível para pistolas era um problema para que as pequenas PPK entrassem nos USA. Esta solução empregada na PPK/S contornou o problema, aumentando em alguns poucos centímetros a altura total da pistola.

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Uma visão em “raios-X” do modelo PP – note o pino flutuante no ferrolho, indicador da existência de um cartucho na câmara. Veja também a mola recuperadora envolta ao cano, o que confere à arma um perfil esquio e elegante.

Após a II Guerra, a Walther foi impedida pelos Aliados de continuar em operação e com a produção de armas; a fabricação das PP e PPK foram então assumidas pela fabricante Manurhin, localizada na França, mas ainda sob licença da Walther. A Manurhin era oficialmente a Manufacture de Machines de Haut-Rhin, que iniciou a produção das PP e PPK em 1952 e em 1953 iniciaram a exportação para os Estados Unidos, através da Tholson Co. de São Francisco. A Manurhin produziu as pistolas até 1986. Mas na Alemanha, por volta de 1960, a produção voltou a ser restabelecida, porém agora na cidade de Ulm, às margens do Danúbio, e não mais em Zella-Mehlis, como anteriormente. Nos dias de hoje, os modelos PP, PPK e PPK/S ainda eram fabricadas, mas nos Estados Unidos, pela Smith & Wesson, sob licença da Walther, até 2018. Hoje em dia a Walther Arms as produz em sua nova fábrica em Fort Smith, no Arkansas.

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A Walther PPK produzida nos dias de hoje pela Smith & Wesson, nos Estados Unidos. Estes modelos possuem as placas da empunhadura independentes e não “abraçando” a parte posterior da empunhadura, como as anteriores.

Apesar da semelhança externa muito grande, os modelos PP e PPK se diferem bastante quanto à estrutura da armação. As PP possuem a estrutura da empunhadura de forma integral, ou seja, as placas laterais são individuais e fixas separadamente, deixando exposta a parte posterior da empunhadura. Na maioria das PPK, a estrutura da empunhadura não é integral, de forma que a placa é feita em uma só peça, que contorna a parte de traz da empunhadura, em formato de “U”. Porém, existiram modelos PPK que seguiam o mesmo estilo da armação das PP. No período pós guerra também se verificou, em menor escala, modelos PPK com armação em duralumínio, visando alívio de peso. Essas armas receberam a nomenclatura de PPK/L (“Light“).

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Um modelo da Walther PP produzido após a II Guerra, com a fábrica da Walther localizada em Ulm, cidade localizada às margens do Danúbio.

Principalmente nos USA do pós guerra, tal como ocorreu com outras armas utilizadas pela Alemanha, as Walther PP e PPK se tornaram peças cobiçadas e cultuadas pelos aficionados e seus preços dispararam. Durante o período nazista, na Alemanha, o partido costumava presentear oficiais e simpatizantes importantes com essas armas, algumas delas ricamente ornamentadas. Porém, foram as denominadas de “Party-Leaders” que geraram um interesse maior entre os colecionadores americanos. Elas eram, na verdade, baseadas no modelo PPK básico mas vinham com detalhes diferenciados, tais como talas especiais ostentando o símbolo da “Águia Nazista” e as inscrições RZM, que significa “Reichszeugmenisterie“; este era o Departamento de Ordenança do Partido, órgão que cuidava da fiscalização e regulamentação da produção e distribuição dos itens que levavam a estampa do partido. Como sempre acaba ocorrendo com qualquer ítem muito desejado e raro, o mercado americano logo acabou sendo alvo de falsificações que eram feitas sobre modelos comuns da PPK, mas caprichosamente elaboradas, com imitações das talas e das inscrições, fazendo com que muita gente adquirisse gato por lebre e a preços exorbitantes.

A Walther PPK “Party Leader” com o logotipo da RZM e a Águia Nazista estampada nas placas da empunhadura, objeto de desejo e cobiça de colecionadores

Em resumo, tanto com o modelo PP como com o PPK, a Walther nos forneceu uma pistola bem balanceada, com boa empunhadura, gatilho macio, acabamento e qualidade de primeira linha e, além de tudo, uma arma muito agradável de se atirar. No rol das pistolas semi-automáticas pequenas, de uso civil, é muito difícil de se encontrar uma outra arma que dispute com as PP e PPK o título da pistola de maior sucesso no mundo.

As Walther PP no Brasil

Em 1936, durante o governo do então interventor do Estado de São Paulo, Dr.  Adhemar de Barros, houve uma aquisição da Força Pública do Estado junto à Carl Walther de aproximadamente 200 ou 300 pistolas modelo PP. O número exato ainda é uma incógnita. O calibre era o .380 ACP, e as pistolas fornecidas possuíam o retém do carregador na parte de baixo da empunhadura, ao invés do botão de retém do lado esquerdo da arma. Isso não foi uma característica específica dessa aquisição: várias pistolas produzidas nessa época, na planta de Zella-Mehlis possuíam esse modelo de retém, inclusive no calibre 7,65mm.

A intenção dessas pistolas era a de suprir os oficiais da Força Pública, no quesito de armas de porte e de uso pessoal. O autor chegou a examinar um exemplar ainda em mãos de um oficial reformado da PM de São Paulo na década de 90. No museu da PM ainda existem alguns exemplares preservados, como podem ser vistos na foto abaixo, cedida gentilmente pelo amigo e historiador Fábio Carvalho. Provavelmente houveram duas remessas de armas para a FP, uma em 1936 e outra em 1938 ou 1939.

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Duas pistolas PP do acervo do Museu da PM de São Paulo (foto de Fábio Carvalho)

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Detalhes do manual das pistolas Walther publicado pela Força Pública de São Paulo

O Modelo MP

Dentre as duras regras impostas pelo Tratado de Versalhes após o término da I Guerra, os alemães foram proibidos de produzir pistolas em calibres mais potentes que o 9mm Kurz (.380 ACP). Como se pode notar, haviam armas produzidas nesta época de restrição que utilizavam calibres de diâmetros menores, embora fossem mais potentes,  como as Parabellum (Luger) em calibre 7,65mm e as Mauser C96 em calibre 7,63mm. Elas também eram, de certa forma e propositadamente, facilmente convertidas para o mais eficiente 9mm Parabellum, somente com a troca do cano. Desta e de outras maneiras, os alemães burlavam as restrições do Tratado sem muita dificuldade. Este detalhe impulsionou o lançamento do modelo MP, a primeira pistola da Walther a utilizar o cartucho 9mm Parabellum e que foi, claramente, um projeto clandestino, contra as normas do Tratado.

Primeiro modelo da Walther MP em calibre 9mm Parabellum, claramente baseada na PP – essa arma não comporta o uso de munição moderna pois se tratava de um sistema “blow-back”, sem trava de culatra.

Entretanto, ela era basicamente um modelo PP adaptado para este calibre, ainda mantendo o sistema “blowback“, utilizando-se porém uma mola recuperadora bem mais dura para resistir ao maior recuo do cartucho. Mais uma vez, embora funcionasse bem em perfeitas condições, não seria aconselhável, hoje em dia, o uso de cartuchos modernos nesta arma.

Acima, a Walther PP e embaixo a MP, onde se pode ver a grande semelhança entre as duas armas. 

Os modelos HP e AP e HP nova versão

Com o relativo fracasso obtido com o primeiro modelo MP visto acima, e pouco antes do início da  II Guerra Mundial, a Walther se dedicou a um projeto novo de pistola, direcionada ao uso militar, em calibre 9mm Parabellum.  Desde 1932, o brilhante engenheiro Fritz Walther, já trabalhava no projeto da HP, que significa Heeres Pistole, ou pistola de serviço, onde o grande diferencial era o sistema de dupla ação, relativamente inédito até então mas já usado na PP, também de sua autoria. Com esse recurso, a arma poderia ser transportada seguramente com um cartucho na câmara e ao necessitar usá-la rapidamente, bastaria puxar o gatilho, o que ocasionaria o engatilhamento do cão (martelo) e sua consequente queda, efetuando o disparo.

O modelo HP, de 1936, ainda protótipo. 

Detalhe do sistema de trancamento da culatra.

A Walther HP “Heeres Pistole” de 1936 e 1937, baseada no projeto de Fritz Walther; veja que nesses protótipos o cão (martelo) era embutido. Interessante notar o sistema de trancamento de culatra, na segunda foto.  

Em 1937 a Walther produz a primeira versão da agora denominada AP, e oferece vários exemplares, presenteados à oficiais das Forças Armadas, com o intuito de divulgar a nova arma e executar, por assim dizer, uma espécie de “prova de campo”. Esse modelo ainda possuía o cão embutido.

A primeira versão da AP não possuía a “ponte” de ligação que passa por cima do cano, na parte frontal do ferrolho.Trata-se de uma das mais raras versões das pistolas Walther.

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A Walther modelo AP “Armee Pistole”, ou Pistola Militar,  de 1937, segunda versão, que foi apresentada para testes ao Exército Alemão, ainda na sua concepção de martelo embutido mas com a aparência quase definitiva que viria a ter a P-38.

Detalhe para o sistema de trancamento da culatra do modelo AP

O novo modelo HP, definido no início de 1938, já possuía as características bem definidas e definitivas que iria gerar a futura P-38. Foi incorporado o uso do martelo externo, uma das exigências do exército alemão. Em 1938, antes mesmo da adoção oficial da arma pelo governo alemão, a Walther fornece ao Exército da Suécia 1.500 armas deste modelo, que foram utilizadas naquele país antes da adoção da pistola Lahti L-35 como arma curta oficial, também no calibre 9mm Parabellum.

Modelo final da Walther HP “Heeres Pistole”, em calibre 9mm Parabellum com martelo embutido.

Walther modelo HP na versão de 1938, agora com o uso do cão esterno. Praticamente já estava definido o perfil da futura P-38. 

Geralmente as HP são mais bem acabadas e de construção mais aprimorada do que as P-38, pois essas últimas tiveram sua produção iniciada em série pouco antes do estouro do maior conflito armado da história, e em um país que necessitava freneticamente ser rearmado a qualquer custo. Modificações na HP foram sugeridas pela Comissão de Inspeção Alemã, encarregada do plano de substituição do armamento das Forças Armadas. Foram pequenas mudanças mas que representavam um avanço grande na redução de custos, mediante simplificação no processo de usinagem e na fabricação de algumas peças. A HP, na forma em que se encontrava, era uma arma ainda muito cara para ser produzida em muito alta escala. Essas mudanças iriam definir o rumo da futura pistola P-38.

Modelo da Walther HP, idêntica às que foram fornecidas ao Exército da Suécia, praticamente a mesma pistola P-38 posteriormente adotada pela Alemanha. 

O modelo P-38

Foi só em 1938 que uma modificada e melhorada arma baseada no modelo HP foi introduzida e adotada oficialmente pelo governo alemão, compartilhando com a Parabellum  o posto de pistola de serviço para oficiais. Assim a arma foi oficialmente designada como P-38 (Pistole 38), sendo que a Parabellum era, desde a sua adoção em 1908, denominada de P-08. A finalidade dessa nova dotação era a substituição gradual das pistolas P-08 (Parabellum ou Luger).

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Dois exemplares de pistola P-38 de fabricação comercial pós-guerra, na localidade de Ulm, Alemanha, com diferentes padrões de talas, ambas de ebonite.

Interessante citar que alguns exemplares da HP, anteriormente citada, foram fabricados para fins de teste nos USA, em calibres .38Auto e .45ACP. Na verdade, a firma americana Stoeger de Nova York chegou a importar várias destas armas para venda ao mercado civil. Estes exemplares nos dias de hoje são peças almejadas por colecionadores e apresentam um acabamento de altíssimo nível.

As diferenças entre a HP e a P-38 eram mínimas, resumindo-se às placas de madeira zigrinadas, um percussor em formato retangular e extrator embutido no ferrolho. As primeiras 1.500 P-38 produzidas também usavam o percussor retangular da HP.

Depois de sua dotação oficial pelo governo alemão, somente a partir de setembro de 1939 que o Alto Comando do Exército Alemão (OKW) ordenou a fabricação em massa da arma, uma demanda enorme que a Carl Walther não tinha condições de manter sozinha. Portanto, foi aberta a produção em escala para outros fabricantes pois era imprescindível que o Exército fosse equipado com a P-38 em quase a sua totalidade.

Durante os anos de pré-guerra e mesmo durante o conflito, as P-38 foram fabricadas pela Walther, pela Waffenfabrik Mauser e pelo arsenal de Spreewerke, em Spandau. As marcas de códigos de identificação usadas eram “480” e “ac” para as produzidas pela Walther, “svw” e “byf” para a Mauser e finalmente “cyq” para Spreewerke. Com excessão do código cyq, os demais eram geralmente seguidos do numeral referente ao ano de produção, por exemplo byf44 (produção Mauser em 1944), ac42 (produção Walther em 1942), etc. A Walther produziu 583.000 pistolas durante a guerra, em sua fábrica de Zella-Mehlis; a Mauser se encarregou de fabricar 340.000 armas e o arsenal de Spreewerke produziu cerca de 285.000, totalizando cerca de 1.200.000 armas em período de guerra.

Durante a ocupação da Bélgica, a Fabrique Nationale D’Armes de Guerre, a FN, chegou a iniciar a produção da P-38 mas as armas nunca chegaram a ser completadas. Os aliados, após a libertação do país, encontraram grande quantidade de pistolas semi-acabadas, principalmente canos e ferrolhos.

Walther P-38 de produção da Mauser-Werke, código byf, com talas de ebonite na cor marrom

De 1939 ao final da guerra em 1945, fontes governamentais na Alemanha tinham como registro o total de 1.208.000 pistolas produzidas. A partir de 1942 foi encerrada definitivamente a produção de pistolas Parabellum pela Mauser Werke A.G., o que fê-la dedicar-se integralmente ao fabrico das P-38. Também nesta data começaram a aumentar as dificuldades de transporte e logística na Alemanha, devido aos bombardeios. As tres fabricantes da P-38 faziam parte de um sistema muito bem controlado, onde compartilhavam alguns ítens de produção recebendo, inclusive da FN belga, da CZ Tcheca e da Haenel, alguns componentes lá produzidos.

O acabamento e a qualidade geral da arma foi decaindo com o passar dos anos, principalmente no período final da guerra. A Walther Waffenfabrik chegou a tomar, em suas linhas de produção, mão de obra escrava recrutada de prisioneiros do campo de concentração de Buchenwald, que ficava nas proximidades do complexo fabril. Obviamente essa mão de obra não era especializada, o que deveria causar transtornos incalculáveis.

Pistola Walther P-38 de fabricação Mauser, durante a II Guerra – foto do autor, coleção particular

Ao final da guerra, a fábrica da Walther em Zella-Mehlis, se manteve milagrosamente quase intacta. Quando tropas norte-americanas chegaram na planta, encontraram cerca de 375.000 pistolas, dentre os modelos PP, PPK e P-38 semi-montadas ou completas.

Com a rendição alemã, Fritz Walther e família foram mantidos confinados em um campo de prisioneiros aliado, durante algumas semanas, e posteriormente foram liberados. Somente em 1947 ele se recompôs economicamente e fundou uma pequena fábrica de calculadoras. Só em 1951 retornou ao mercado de armas, com carabinas e pistolas de ar comprimido, e já em 1953 estava fornecendo peças para a empresa francêsa Manurhin, que produzia as pistolas PP e PPK.

Por outro lado, a fábrica da Mauser, liberada pelas Forças Aliadas em Abril de 1945, foi entregue ao controle do Exército Francês, que estava desesperadamente necessitando de armas. Com as peças encontradas, os franceses decidiram que era uma ótima oportunidade de se reequiparem. Até 1944 a Mauser utilizava o código secreto byf em suas armas, substituído em 1945 por svw. A última pistola produzida pela Mauser sob controle alemão possuía o código svw45 e o número serial de 3.000.

O exército francês decidiu não alterar ou remover essa codificação e prosseguiu a produção a partir do último serial utilizado com a letra “g” após o numeral. A produção atingiu a casa aproximada de 10.000 armas. O acabamento utilizado pelos francêses foi um bem robusto processo de fosfatização.

A partir de 1963, a denominação militar da P-38 na Alemanha passou a ser P-1 para acompanhar o novo método de identificação de armas naquele país. Em 1968 foram colocadas no mercado as P-38 em calibre 7,65mm Parabellum e foram produzidas cerca de 1.200 armas, principalmente para suprir o mercado civil italiano, onde o calibre 9mm Parabellum era restrito às Forças Armadas. Além disso, em 1943 a Mauser chegou a fabricar algumas P-38 neste calibre. Pelas características do cartucho 7,65 Parabellum, somente a troca do cano da arma era suficiente para que utilizasse tanto esse cartucho como o 9mm Parabellum.

A P-38 era uma pistola usando o sistema de culatra trancada, utilizando-se para isso de uma peça alojada sob o cano que, com o ferrolho fechado, mantinha o conjunto cano-ferrolho travados até que um curto recuo do cano, de cerca de 9mm a 10mm, ocasionado pelo disparo, os liberasse. Daí em diante, o ferrolho prosseguia seu curso para traz, somente encontrando a resistência das duas molas recuperadoras  suas guias, uma de cada lado da armação. Possuía também um interessante e útil indicador de cartucho na câmara, através de um pino flutuante no interior do ferrolho que se sobressaía na parte traseira, junto ao cão.

Um sistema para permitir o travamento do ferrolho em sua posição aberta após o último cartucho deflagrado era obtido através de uma tecla lateral, situada sobre o gatilho, muito similar à utilizada pela Colt 1911. Ao se inserir um carregador municiado, era necessário se destravar essa tecla com o uso do polegar para a liberação do ferrolho e a consequente alimentação do primeiro cartucho, ou puxar o ferrolho para traz. O  sistema de disparo era de dupla-ação, tal qual já empregado com sucesso nas PP/PPK. A exemplo delas, a P-38 possui uma trava de segurança alojada no lado esquerdo do ferrolho, com as iniciais “F” (Feuer)” e “S” (Sicher), destravada e travada, respectivamente.

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P-38 de fabricação Walther em 1942 código AC42 vista de ambos os lados

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Detalhes da P-38 fabricação Walther de 1942na foto superior notam-se as marcas do WaffenAmt e na foto abaixo, o código ac42. Note o acabamento mais rústico e a qualidade inferior das placas da empunhadura, bem como problemas na tonalidade da oxidação.

P38 de produção Mauser (byf44) – Marca de inspeção WaffemAmt visível acima do guarda-mato – foto do autor

Como já dito acima no caso das PP e PPK, caso a arma se encontre com o cão armado e a trava é aplicada, o percussor é bloqueado e o cão é imediatamente desarmado, causando uma “picada em seco”, detalhe denominado de “decocker”. As recomendações já explicadas neste capítulo anterior valem também aqui. Aconselha-se executar esse procedimento com a pistola voltada para uma posição segura e segurar o cão com um polegar, amortecendo a sua queda. Além de baixar o cão para a posição de descanso, o sistema se encarrega de manter o gatilho na posição totalmente para trás. Ao se destravar a arma, o gatilho retorna à sua posição normal.

Outro detalhe interessante era que, com a arma travada, cão baixado e gatilho recuado, o ferrolho podia ser aberto e manuseado, inclusive para o ato de se descarregar a arma sem a remoção do carregador. Neste caso, acionando-se o ferrolho repetidamente, nota-se que o cão é levado para traz mas sempre retorna à posição de descanso.

O sistema de segurança da P-38 é muito eficaz. Além de contar com um percussor inercial, e uma trava de segurança externa, o mecanismo oferece uma trava interna que atua de forma automática. A trava externa, que rotaciona cerca de 60º, por si só exerce um bloqueio mecânico sobre o percussor, mantendo-o fixo e sem condições de se movimentar para a frente. No entanto, mesmo com a trava externa na posição de fogo, ou seja, destravada, há uma trava interna (peça 30 na vista explodida exibida abaixo) que aciona um pino vertical (peça 12), pino esse que também bloqueia o curso do percussor constantemente, só liberando-o no momento em que o cão é armado para disparo. Portanto, disparo acidental por queda é algo bastante difícil de ocorrer.

Nesse esquema acima pode-se entender com certa clareza o funcionamento do sistema de segurança. Com o cão baixado (39), nota-se a posição da peça 30, que é montada ao lado do cão, dentro da armação. O pequeno pino vertical em cor verde (12) está pressionado para baixo, por ação de sua mola (13). Nessa posição, o pino (12) está bloqueando o movimento do percussor (11), através de um dente que se encaixa em um rebaixo no percussor. Quando se puxa o gatilho (43) e o cão é lançado para trás, ou quando se engatilha o cão para uso em ação simples, o cão, através de um pino, eleva um pouco a peça (30), que por sua vez impulsiona o pino (12) para cima. Nesse momento, o dente dessa peça sai do rebaixo existente no percussor liberando-o para se movimentar para a frente, atingindo a espoleta, assim que o cão baixar.

O carregador que é monofilar com capacidade de 8 cartuchos, é mantido no seu lugar por um retém deslizante situado na parte inferior da armação. Mais uma vez se repete aqui o incômodo ato de se liberar o carregador utilizando-se ambas as mãos ao invés de um prático botão situado na parte posterior do guarda-mato, como na maioria dos modelos da PP/PPK . As placas do cabo, em duas peças, são feitas em ebonite preto mas há variações em material plástico marrom/avermelhado. O desenho é feito para que elas recubram a parte traseira da armação, juntando-se uma à outra portanto, neste ponto.

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Vista da desmontagem parcial (field stripping) da P-38; pela ordem, ferrolho, cano, trava da culatra e armação. Note que as molas recuperadoras ficam fixas à armação, o que facilita bastante a remontagem.

Em resumo, a P-38 veio equipar o exército alemão com uma arma moderna, atualíssima, eficiente e segura, com a vantagem de se utilizar os mesmos cartuchos das P-08 (Luger) e das sub-metralhadoras MP-38/40. Paulatinamente foram substituindo as P-08, que apesar de toda a mítica existente em torno delas, não eram mais armas condizentes com as necessidades de um exército moderno. O mecanismo mais resistente às intempéries, a desmontagem de campo facilitada, o eficiente sistema de segurança mais o sistema  de dupla-ação, faziam da P-38, incontestavelmente, a mais moderna arma curta em uso no conflito.

Pistola P-38 com código ac-42 significando ter sido produzida pela própria Carl Walther no ano de 1942

Pistola P-38 parcialmente desmontada – repare a mola recuperadora na armação e a trava da culatra posicionada debaixo do cano, peça essa que acidentalmente poderia ser esquecida de ser recolocada, podendo causar sérios danos à arma.

Porém, cumpre esclarecer aqui os problemas inerentes à produção de armas durante um conflito tão importante como foi a II Guerra. Com o passar dos anos e como já dito acima, inevitavelmente a qualidade e esmero na fabricação, bem como a qualidade dos materiais empregados foram se deteriorando. Isso afetou, de modo geral, qualquer arma fabricada na Alemanha neste período. As P-38 não escaparam incólumes.

O autor já inspecionou e verificou vários exemplares de fabricação Mauser e Spreewerke datadas de 43 e 44. O acabamento pós-usinagem foi quase que totalmente abandonado, sendo que as marcas de ferramentas eram muito bem visíveis. As placas pareciam feitas de plástico reciclado, algumas apresentando falhas, bolhas e depressões, defeitos do processo de moldagem. O acabamento oxidado, antes da guerra caprichosamente feito pelo método a frio, tipo “boneca”, passou a ser em executado em banho a quente e posteriormente fosfatadas, porém com evidentes falhas de coloração e excesso de manchas. Até uma rudimentar pintura a base de esmalte sintético foi utilizada em algumas ocasiões.

walther_explodedVista explodida da P-38

O mais sério e perigoso problema encontrado em um espécime avaliado pelo autor, foi numa P-38 de fabricação do arsenal de Spreewerke. Muito se fala sobre a mão de obra escrava, principalmente judia, utilizada pelos alemães em indústrias, tanto na própria Alemanha como nos países ocupados. Foram raras as grandes empresas alemãs, como Telefunken, Siemens, Krupp e Bayer, que não lançaram mão desse recurso. No arsenal de Spreewerke e até na própria Walther, a mão de obra, principalmente executada por prisioneiros judeus, era muito grande.

Atos de sabotagem eram, pois, coisa corriqueira. Essa arma examinada e testada, sem dúvida alguma adulterada durante a fabricação, permitia que no ato de ser acionada a trava, com o cão armado, a mesma disparasse. Normalmente o cão realmente desarma, mas não percute o cartucho quando a trava se encontra em condições originais. Ou seja, no caso dessas armas alteradas, a trava de segurança não possuía atuação nenhuma sobre o percussor; havia uma espécie de desgaste proposital nesta peça. Essa alteração permitia que a arma iniciasse um ciclo de disparos em modo automático, ou seja, como numa sub-metralhadora, que só cessavam quando teminasse os cartuchos no carregador. Casos como esse nos levam sempre a tomar o máximo cuidado e atenção ao manusear ou utilizar armas fabricadas em tempo de guerra.

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Foto: vista em “raios-X” da P-38

Outro fator importante válido até mesmo para as pistolas P-38 de fabricação mais recente é o fato de que, ao desmontá-las, é possível esquecer, na remontagem, a peça que efetua o travamento da culatra (peça 3 na vista explodida acima). Infelizmente a arma pode funcionar sem essa peça, o que pode oferecer um perigo muito grande ao atirador devido ao  forte recuo proporcionado pelo cartucho sobre o ferrolho, com chance de danificá-lo seriamente.

Capturar

Detalhe da P-38 parcialmente desmontada, onde se percebe uma das molas recuperadoras do lado esquerdo, o carregador, a trava da culatra, cano e ferrolho

Comercialmente, como dito acima, algumas décadas depois do término da II Guerra, a Walther forneceu a P-38 para venda no mercado europeu e norte-americano, em uma versão comercial, tanto nos calibres 7,65mm Parabellum e 9mm Parabellum como em .22LR,  com acabamento oxidado em preto brilhante, ou até mesmo em versão ricamente engravada, sob encomenda. O calibre .22LR só foi introduzido na P-38 em 1968 e a sua numeração serial é diferente e exclusiva do que nas séries em calibres 9mm e 7,65mm.

Detalhe completo dos componentes desmontados, do kit de conversão da P-38 em calibre 9mm para calibre .22LR – este kit era fornecido em uma caixa especialmente desenhada para ele. Como pode se ver, haviam várias peças que precisavam ser substituídas.

Um ponto de destaque para ampliar o interesse do mercado americano foi a disponibilidade de um interessante kit de conversão para ser usado nas pistolas 9mm Parabellum, para se usar o calibre .22LR; era dotado de um carregador, um cano para ser inserido por dentro do original e um ferrolho especialmente adaptado para aceitar a munição .22 de fogo circular (rim-fire).

A partir de 1975 a Walther lança no mercado comercial o modelo P-38K (Kurtz) em calibre 9mm Parabellum, modelo destinado à unidades policiais onde o tamanho original da pistola causava um certo transtorno.

Os modelos P-38K, embora relançados comercialmente em 1975, foram baseados em modelos idênticos que já haviam sido produzidos durante a guerra, em 1944 e 1945, pela Mauser, com canos de 6,5 cm.  Acredita-se que nesta época esses modelos foram solicitados pela polícia secreta nazista (Gestapo) para equipar os seus membros. Apesar do cano mais curto, o peso da arma diminuía em somente 30 gramas. O modelo P-38K moderno não possui a agulha indicadora de cartucho na câmara e algumas outras pequenas alterações na trava de segurança.

A Walther P38 esteve em produção regulamentar de 1938 a 1963.  A partir de 1957, o governo da então República Federal Alemanha solicitou da Carl Walther o fornecimento de pistolas P-38 para suprir os oficiais do Exército, que perdurou como arma regulamentar até 1963. Num período de dois anos, a Walther utilizou ferramental e desenhos da época da guerra para refabricar a pistola. A partir de 1963, a pistola foi modificada, visando redução de custos de processo, e teve sua armação fundida em alumínio ao invés de usinada em aço . Essa modificação também alterou o nome oficial da arma para P-1. A partir de 1990 o Exército Alemão começou a substituir as P1 pela nova P-8. A P1 saiu de cena completamente em 2004. No entanto, por opção dos órgãos policiais na Alemanha, a P-38 praticamente voltou em cena, agora com a denominação de P-4. Pequenas alterações foram feitas, como no comprimento do cano e no sistema de segurança que agora age com o retorno da alavanca à posição inicial.

Acima a Walther P-4 de fabricação atual

Os modelos Olympia e OSP

Com a expansão da sua produção e de demanda, visto que as PP, PPK e as P-38 continuaram sendo produzidas pelas décadas que sucederam o fim da guerra, a empresa decidiu se diversificar e começou a produzir excelentes armas, longas e curtas. As carabinas de baixo calibre e rifles de alta potência produzidos pela casa, como os maravilhosos modelos KKM e KKJ no calibre .22LR e o Hunter Repeater, oferecido nos calibres 8×57, 30-06, .243, .270 Winchester e .375 H&H, bem como armas de precisão (pistolas e carabinas para uso em tiro olímpico) fez, da Walther, um dos maiores e mais respeitados fabricantes mundiais de armas. Além disso, a Walther ainda se dedicou ao fabrico de armas de ar comprimido e pistolas de sinalização.

walther_ppsport1Dentre as pistolas mais famosas das décadas de 50 a 70, se encontram o modelo PP Sport, a PP Sport Target, ambas de ação simples, a Olympia e a OSP.

As PP Sport, foto à esquerda,  eram armas praticamente idênticas às PP, mas com cano mais longo e empunhadura anatômica, bem como alça de mira regulável.

A PP Sport Target, em calibre .22LR tal como a Sport, possuía um prolongador do cano com contra-peso regulável.

Já a  Walther Olympia era um projeto que, apesar de baseado no mecanismo das PP, resultou em uma arma nova, muito mais equilibrada e dedicada ao tiro esportivo, uma arma sem o cão externo, de ação simples, com gatilho regulável em sensibilidade e a alça de mira regulável lateralmente e em altura. A empunhadura era fabricada em madeira de lei, finamente acabada,  aliás como era a arma, como um todo.

A OSP foi uma revolução para sua época; arma desenvolvida especificamente para ir de encontro às necessidades da modalidade de tiro rápido em silhuetas móveis, em calinre .22 Short. Lançada em 1963, ganhou medalha de prata nos Jogos Panamericanos do Brasil naquele ano, bem como 1º e 2ºlugar no Campeonato Europeu em Helsink, 1963, além de várias competições oficiais na Alemanha. Possuía um magazine removível para 5 cartuchos, localizado na frente do guarda-mato, gatilho regulável em sensibilidade e pressão, mira micrometricamente ajustada, empunhadura anatômica em madeira maciça com ajuste de tamanho e cano dotado de contra-pesos ajustáveis.

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A Walther OSP em calibre .22 Short

O autor teve a oportunidade de participar de provas de silhueta utilizando esta pistola, uma verdadeira maravilha da mecânica e da tecnologia de Carl Walther. Posteriormente, a Walther lançou uma variação da OSP denominada GSP, agora em calibre .22LR.

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Este foi um dos primeiros modelos lançados da Walther OSP, que chegou a ser utilizada pelo autor.

A Walther hoje…

A evolução não terminou por aí. Hoje, a empresa Carl Walther continua a fornecer armas de diversos tipos e calibres, mantendo a sua tradição de qualidade, precisão e acabamento. Na linha das pistolas semi-automáticas, dentre vários outros modelos como a PPS e a P22, destaca-se a P-99 (foto abaixo). Arma de concepção avançada, é oferecida em calibres 9mm Parabellum e .40S&W, com foco no mercado policial. walther_p99

Possui carregador bifilar com capacidade de 10 a 15  cartuchos, dependendo do calibre e da versão, e como é de praxe nas pistolas Walther, a P99 também prima pela segurança.

Embora não possua um cão externo, oferece algumas vantagens que só são encontradas nos modelos de cão externo, como a possibilidade de ser desarmada manualmente com um cartucho inserido na camara. Oferece um interessante sistema de gatilho denominado de “anti-stress”, que pretende diminuir o risco de disparos não intencionais em situação de “stress” extremo.

Na medida em que o ferrolho recua durante o disparo, o gatilho sempre se mantém na posição totalmente à frente, tanto no disparo em ação dupla inicial como nos posteriores, em ação simples. No primeiro disparo, o sistema mantém a pressão do gatilho em cerca de 2Kg e com curso aproximadamente de 1,50 cm. Nos disparos seguintes, a mesma pressão é mantida mas o curso do gatilho reduz para cerca de 0,80cm. Sua armação é de polímero, sendo que ferrolho e cano são feitos em aço.

Outra fornecedora das PP e PPK foi a Interarms, nos USA, mas nunca produziram ou montaram as pistolas, nem a própria Walther USA fez isso. A manufatura foi sublicenciada para uma firma especializada em defesa, situada em Gadsden, Alabama, a Mid-South Industries Inc. Entre outras coisas, fizeram fusíveis para bombas de fragmentação para a Força Aérea e para o Exército reconstruíram M16s em M16A2s.

Em 1993, a empresa alemã Umarex Sportwaffen GMBH adquiriu a Carl Walther, bem como a divisão de armas de fogo da Röhm GMBH. Na Alemanha, desde 1972 a empresa produzia armas para Air-Soft, pistolas de sinalização, etc. Nos USA a empresa abriu uma subsidiária, em 2006, denominada de Umarex USA e logo em seguida adquiriu também a RWS, antiga e tradicional fabricante de munições. A Walther USA pertence hoje ao grupo Umarex, que recomprou as licenças fornecidas à Interarms.

Após isso, os modelos PP e PPK continuaram em linha comercial até hoje, produzidos pela Smith & Wesson nos USA desde 1999, quando foi criada uma “joint-venture” entre a Smith & Wesson e a Walter USA., disponíveis em calibres .32 Auto, .380 ACP e .22LR e compartilha com algumas outras pouquíssimas armas no mundo o fato de se manter em produção por mais de 80 anos, sem praticamente nenhuma modificação no projeto original.

Written by Carlos F P Neto

21/09/2009 às 14:18

129 Respostas

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  1. Marques, a Imbel MD6 é uma arma derivada da linha MD1, MD2, projeto baseado na Colt 1911 com algumas alterações. Ao contrário da MD1, a MD6 tem a armação em polímero e com isso ganha 100 gramas de redução de peso. A capacidade é a mesma, 16 cartuchos no calibre 40S&W. O sistema de disparo é de ação simples somente, trava automática de percussor, sistema ADC para desarme seguro do cão, ou opção de sistema manual, mais a trava de empunhadura, nos moldes da 1911. Já experimentei a MD1 e é uma arma muito bem feita, com ergonomia até melhor que as 1911 originais, bem balanceada apesar do gatilho muito pesado. Grato pelo contato.

    Carlos F P Neto

    23/11/2012 at 16:02

  2. Caro Carlos, boa tarde! Vc teria uma avaliação mais detalhada da pistola TC MD6?
    Muito obrigado e parabéns pelas informações prestadas.
    Um grande abraço!

    Marques

    23/11/2012 at 13:22

  3. pirei no tempo parabens uma liçaõ para os amantes belicos

    Preto Roel

    12/11/2012 at 19:57

  4. Excelente matéria. Interessante a história da marca, em especial da PPK! Só complementando o comentário do TIM OMAR, estava vendo uma reportagem em que uma mulher foi esfaqueada pelo marido e em momento algum ouvi culparem a faca. Agora, se fosse tiro, já sabem né!! Os nossos hipócritas de plantão iam falar um monte. Concordo fielmente que armas em mãos de cidadãos de bem fariam a diferença em nossa segurança. Porque não desarmam os bandidos que andam de fuzis e outras armas de calibres proibidos ao invés de restringirem (praticamente proibirem) os cidadãos de bem como nós de termos uma arma legalizada para proteção pessoal? Uma pena nosso país ser como é quanto a isso. Enquanto isso continuar estaremos reféns do nosso medo. Abçs a todos e parabéns ao Carlos F P Neto pelo site e pela matéria.

    RODJACC

    03/11/2012 at 8:53

  5. Allan, sim, o calibre .380ACP é liberado. Não tenho idéia de valor dessa arma nova. No mercado de coleção pode beirar de 2500 a 4000 reais dependendo do estado.

    Carlos F P Neto

    01/11/2012 at 12:40

  6. Olá sr.Carlos !!!
    Quanto estaria o preço médio de mercado para uma PPK em calibre .380 ??? Essa seria uma arma de uso liberado para civis , não é ?

    Allan Borges

    01/11/2012 at 3:57

  7. Obrigado pela resposta, achei muito legal. Abraço.

    Andre Vinicius

    28/10/2012 at 19:55

  8. André, por incrível que pareça o autor britânico Ian Fleming armou o agente 007, em seu primeiro romance, com uma Beretta cal. 6,35mm ! Conta-se que choveram cartas sobre ele, o que o fez mudar para algo um pouco melhor, uma Walther PPK em 7,65mm., algo também inadmissível nos dias de hoje. Sim, o calibre .32 Auto ou 7,65mm Browning é de uso permitido para civis.

    Carlos F P Neto

    28/10/2012 at 18:45

  9. Prezado Sr. Carlos, muito interessante esse artigo, eu o descobri por acaso quando pesquisava sobre o 007, achei engraçado o personagem britânico usar uma pistola de tenologia alemã, se não for incômodo gostaria de saber por curiosidade se o calibre .32 seria autorizado para uso civil para tiro esportivo por exemplo. Obrigado. Parabéns pela matéria.

    Andre Vinicius

    28/10/2012 at 15:27

  10. Valente, opiniões sobre essa ou aquela arma é algo muito pessoal. Particularmente, em calibre 40S&W eu gosto muito da Taurus PT-100, mas também sou fã da Imbel TC MD6.

    Carlos F P Neto

    24/10/2012 at 16:44

  11. Caro Carlos Neto,
    já que vc é um especialista em armas, qual voce considera a melhor pistola nacional .40 ???
    Abraços.

    Valente

    23/10/2012 at 17:58

  12. Prezado Tim, grato pelos elogios e por compartilhar de nossos ideais. Abraços.

    Carlos F P Neto

    22/10/2012 at 15:57

  13. Prezado Carlos!
    Somente hoje li, mas gostei muito do texto sobre a Walther e das respostas aos leitores.
    Parabéns a vocês, que gostam e defendem a arma de fogo nas mãos de cidadãos idôneos e preparados, ao contrário do governo federal, que insiste em nos retirar este direito!
    Fraternal abraço!

    TIM OMAR DE LIMA E SILVA

    22/10/2012 at 15:51

  14. Gil, isso prova como um projeto de uma simples pistola é problemático; muitas vezes o acerto “manual” é o que acaba resolvendo. Parabéns pelo sucesso na intervenção.

    Carlos F P Neto

    18/10/2012 at 13:43

  15. Boa tarde Carlos, realmente o carregador da PP22 com 10 cartuchos fica dificil da mola recuperadora extrair d mesmo e colocar na câmara, tomei decisão de cortar a mola do carregador umas 3 voltas e pedi a armeiro que fizesse uma mola recuperadora mais forte, coloquei na walther e fui testando até achar o ponto em que funcionasse normal com munição da cbc, standard, deu certo, porém com a mola original não funciona, é muito fraca, mesmo diminuindo a pressão da mola do carregador não consegue levar o cartucho à camara.
    Agradeço a sua dica;
    Gil Cesar.

    Gil Cesar Dompieri

    18/10/2012 at 12:14

  16. Valente, infelizmente não, mas creio que na WEB deve encontrar um representante aqui no Brasil.

    Carlos F P Neto

    16/10/2012 at 12:28

  17. Mas eu nao encontrei ninguem que venda a Glock .40 aqui no Brasil, sabe me informar alguem ????

    Valente

    15/10/2012 at 17:44

  18. Valente, qualquer pistola em 40S&W ou que utiliza qualquer calibre restrito, pode ser adquirida no Brasil somente por policiais, magistrados, e atiradores/colecionadores registrados no Exército.

    Carlos F P Neto

    15/10/2012 at 12:33

  19. Carlos, voce sabe me dizer se é permitido comprar no Brasil ou se tem alguém que vende aqui no Brasil a pistola GLOCK 27 . 40 ??? Desde já agradeço pela sua ajuda, obrigado.

    Valente

    14/10/2012 at 19:42

  20. Acredito que é difícil; não conheço quem represente essas marcas aqui. Eu acho mais fácil tentar uma importação dos USA, desde que você possua CR. Um abraço.

    Carlos F P Neto

    14/10/2012 at 18:33

  21. Carlos Neto, voce sabe informar se aqui no Brasil consigo comprar uma pistola Heckler & Koch P30 ??? Ou então uma SIG-Sauer P226 ??? Grato.

    Felipe Júnior

    14/10/2012 at 11:46

  22. Obrigado pela ajuda Carlos. Farei o contato o mais breve possível e depois coloco o retorno aqui no fórum.

    Fernando Magalhães

    12/10/2012 at 18:47

  23. Fernando, entre em contato com o pessoal da Falconarmas, de Curitiba, pois a algum tempo eles importavam as Walther e talvez conheçam quem as representa no Brasil.

    Carlos F P Neto

    12/10/2012 at 17:53

  24. Boa tarde,

    Tenho um Walther – PPK 7.65 mm, e ao levá-la a uma armeiro, este constatou que os três carregadores da arma estavam “empenados” e disse que era este o motivo das falhas de alimentação constantes da arma.
    Alguém conhece este tipo defeito nestes carregadores? Existe manutenção possível? E, alguém sabe indicar algum lugar onde adquirir carregadores novos para essa arma caso seja necessário.

    Qualquer ajuda é bem vinda.

    Obrigado

    Fernando Magalhães

    12/10/2012 at 16:30

  25. Felipe, creio ser a Taurus PT-640, pelo menos as que se pode adquirir no Brasil. Porém, claro, aquisição restrita à CACs, magistrados, policiais, etc.

    Carlos F P Neto

    08/10/2012 at 18:47

  26. Carlos Neto, vc sabe me dizer qual é a menor pistola .40 existente no mercado ??? Grato.

    Felipe Júnior

    08/10/2012 at 18:00

  27. Felipe, não conheço quem está representando a marca no Brasil.

    Carlos F P Neto

    07/10/2012 at 15:31

  28. As argentinas Bersa são bem similares e estão à venda em algumas lojas de SP e Curitiba.

    Carlos F P Neto

    07/10/2012 at 15:29

  29. Felipe, não existe.

    Carlos F P Neto

    07/10/2012 at 15:29

  30. Valente, a PT-99 só existe em 9mm Parabellum; a 40SW é a PT-100. Aquisição somente direto da fábrica e para policiais, magistrados e CACs.

    Carlos F P Neto

    07/10/2012 at 15:28

  31. Existe a pistola P99 .40 ? E onde posso compra-la aqui no Brasil ? Obrigado.

    Valente

    07/10/2012 at 11:04

  32. Existe alguma arma que tenha o desenho/modelo parecido com uma PPK, que seja fácil de comprar aqui no Brasil ???

    Valente

    07/10/2012 at 10:57

  33. Existe PPK .40 ???

    Felipe Júnior

    06/10/2012 at 23:04

  34. Gostaria de saber onde compro uma pistola PPK aqui no Brasil ???

    Felipe Júnior

    06/10/2012 at 23:03

  35. Gil, bom mesmo seria conseguir outro carregador para poder alterar a pressão da mola, gradativamente. Ou se for o caso, tentar mandar fazer uma mola bem similar à original e começar a fazer testes, sem comprometer a original.

    Carlos F P Neto

    18/09/2012 at 11:28

  36. Bom dia Carlos, realmente com o carregador na capacidade total de 10 tiros, manobrando e prendendo o ferrolho e depois soltando somente na ação da mola, ele não consegue extrair e levar para a camara o cartucho, porem quando fica apenas 6 ou sete cartuchos no carregador ela manobra normal, apenas com a CBC Hiper não funciona, o cartucho não é extraido e ejetado. Diante do que voce disse, acredito que a mola do carregador com capacidade total fica dificil o ferrolho fechar, pois deve ficar com pressão excessiva e a mola recuperadora não tem força suficiente, vou seguir sua sugestão e ver o que acontece. Abraço.
    Gil

    Gil Cesar Dompierei

    18/09/2012 at 10:07

  37. Gil, realmente existe uma orientação do fabricante para se utilizar munição CCI MiniMag ou equivalente. Acho um pouco estranho, pois trata-se de uma pistola do sistema “blow-back”. Enfim, uma pergunta: se você carregar totalmente o magazine, manejando o ferrolho para trás, manualmente, mas deixando-o fechar por ação da mola recuperadora, funciona a contento? Ou ele não consegue extrair a munição do carregador? Se isso ocorre, e se com poucos cartuchos funciona bem, a mola do carregador está muito forte. Porém, creio que está em sua condição original. Outra experiência: como essa arma não dispara sem o carregador, coloque um cartucho de cada vez no magazine, alimente a câmara e dispare com vários tipos de munição. A ciclagem é completa em todos os casos? A ejeção do cartucho é normal? Veja que a situação não é bem igual à do carregador cheio; lembre-se de que neste caso, a pressão do cartucho superior se dá sob a base do ferrolho, aumentando bastante o atrito. Se for em demasia, pode estar interferindo com o seu movimento de recuo. Porém, nesta experiência com um só cartucho, você elimina a opção da mola recuperadora estar forte demais.

    Carlos F P Neto

    17/09/2012 at 19:35

  38. Boa tarde Carlos, tenho uma dúvida sobre o funcionamento da Walther P-22, adquiri uma ha pouco tempo, devidamente apostilada junto ao Exercito, mas quando uso munição CBC Hiper o ferrolho pararece que não tem força suficiente pra retirar munição do carregador e levar a camara, quando utilizo a CBC normal os primeiros tiros tambem não funcionam, quando fica 5 ou 6 municções no carregador ela funciona normalmente, utilizei munição CCI e apresentou o mesmo problema, será que a mola de recuperação é fraca? será que uma arma naturezz pode ter saido da fabrica com defeito? o problema é qua a importadora Rossi Moraes do RGS parece que não é mais representante, será que paguei mico?
    Grato.

    Gil Cesar Dompieri

    17/09/2012 at 15:42

  39. Prezado Clécio, suas gentis palavras realmente me deixam orgulhoso e com a nítida certeza de que só tenho a seguir esse caminho, melhorando cada vez mais. Muito obrigado.

    Carlos F P Neto

    11/09/2012 at 21:43

  40. Mais um excelente artigo presenteado pelo Sr. Carlos Neto. Muito bem elaborado, rico em detalhes e imagens, digno das melhores publicações sobre o tema. O mesmo elogio serve para o artigo sobre a Parabellum.

    Parabéns e um grande abraço.

    Clécio M. Galinari

    11/09/2012 at 19:03

  41. Gil, será necessário mandar fazer uma sob encomenda.

    Carlos F P Neto

    27/08/2012 at 11:37

  42. Bom dia, possuo uma Walther PPK 380 made germany, devidamente apostilada junto ao Exercito, possuo CR, gostaria de saber se existe uma empunhadura que envolva de madeira, vez que a de plastico é muito fina e não da apoio para o disparo.
    Grato.

    Gil Cesar Dompieri

    27/08/2012 at 11:28

  43. Marcelo, sem boas fotos não dá para fazer nada, infelizmente.

    Carlos F P Neto

    03/06/2012 at 15:20

  44. Boa tarde Carlos.

    Devolvi para o proprietário sem tirar fotos. Pelo que li e entendi neste post é que tenho que soltar o parafuso abaixo do prolongador do cano, depois girar o mesmo para que a mola force o prolongador do cano para frente, o problema é que o parafuso esta espanado, não vou remove-lo sem ter certeza de que é este realmente o parafuso correto, mas pelas possibilidades, só pode ser este sim. Vou pedir novamente para fotografar e te enviar as fotos, ela é idêntica a foto da modelo 4, só não tem aquela saliência na lateral do gatilho e o prolongador do cano é em aço inox. Você sabe o ano de fabricação e o valor dela para colecionadores?

    Agradeço sua atenção.

    Abraço.

    Marcelo.

    Marcelo

    03/06/2012 at 13:53

  45. Marcelo, pode me enviar foto dessa arma? Creio que não seja uma PP ou PPK, então preciso vê-la.

    Carlos F P Neto

    26/05/2012 at 18:05

  46. Boa tarde amigo.
    Um amigo me trouxe uma com o guarda-mato fixo e não móvel como em outros modelos, o número dela é 482923. Ela precisa de manutenção e não sei como desmontar. Pode me ajudar. Ótima matéria, parabéns.
    Desde já agradeço.
    Marcelo.

    Marcelo

    26/05/2012 at 12:54

  47. Obrigado, amigo Puttkamer.

    Carlos F P Neto

    11/04/2012 at 10:11

  48. Parabéns pelo post, e pelo site… bastante completo

    Puttkamer

    10/04/2012 at 23:13

  49. Fabiano, entre em contato com o Eduardo Bazzana, (19) 3465-1317, me parece que a sua loja está importando armas da Walther. Um abraço.

    Carlos F P Neto

    27/03/2012 at 16:54

  50. Existe alguém no Brasil que venda pistolas Walther ou rifle de tiro de precisão?

    Gostaria muito de pedir um orçamento de umas que vi num site mas que o pessoal não responde.

    Fabiano MZ

    27/03/2012 at 15:45


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