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Fuzil M16 e suas derivações

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Após o término da II Guerra Mundial, com a rendição japonesa em 2 de setembro de 1945 nas dependências no encouraçado Missouri, as forças armadas americanas saíram do conflito com a certeza de que seu fuzil padrão, o US Rifle M1 “Garand” havia sido uma das armas mais bem sucedidas e aprovadas, dentre todas as que participaram do evento. Sem dúvida nenhuma, o Garand foi a melhor arma de infantaria empregada na guerra, pelo menos no que tange à sua utilização em larga escala.

É evidente que não se deve desprezar os méritos dos primeiros fuzis “de assalto” alemães, desenvolvidos nos anos finais da guerra, como o StG44, um marco revolucionário no desenvolvimento de fuzis militares, e que praticamente foi o grande inspirador de grandes armas que viriam depois, para fazer história. Em nosso artigo sobre as armas longas utilizadas na II Grande Guerra, o leitor poderá se familiarizar mais com esses detalhes. No entanto, o StG44 teve muito pouca participação ativa, chegando a entrar em combate um pouco tarde demais, e equipando algumas poucas tropas alemãs.

M1_GarandAcima, o US Rifle .30 M1 “Garand”, com mais de 5.000.000 de unidades produzidas durante e após a II Guerra

Claro que não se pode afirmar que o Garand era perfeito; e não era. Haviam alguns problemas inerentes ao projeto, pontos falhos como um constante entupimento do pistão e das válvulas do cilindro de gas, e o sistema de municiamento, que utilizava os famosos clipes inseridos por cima da culatra e que eram ejetados automaticamente ao final da carga de 8 cartuchos; claro que em combate, ninguém se preocupava em recolher os clipes vazios, sendo que o solo do teatro de operações da Europa deve ter sido semeado com milhares e milhares desses objetos. O problema é que a arma era totalmente dependente dos clipes, e sem eles tornava-se possível somente o disparo um a um (veja nosso artigo sobre o Fuzil M1 aqui no nosso site). Mesmo assim, o fuzil M1 ainda reinou de forma absoluta na Guerra da Coréia.

Já durante esse último conflito, o Governo Norte-Americano planejava a substituição do Garand por uma arma mais moderna e claro, sem os seus pontos negativos. Desde 1945 o Arsenal de Springfield, na pessoa do Engenheiro Harvey Earle, possuía projetos de um fuzil baseado numa das últimas versões do Garand, a T20. Nascia o T25 que viria posteriormente a se tornar o M14, denominação recebida depois de adotado pelo Exército em 1959.

m14-rifleO fuzil M14, adotado pelos Estados Unidos em 1959

O M14 era muitíssimo similar ao seu antecessor, porém, com modificações acentuadas. O calibre deixou de ser o .30-06 Springfield, sendo agora utilizado o cartucho padrão da OTAN, o 7,62X51mm NATO, menor no comprimento, em cerca de 12 mm, em relação ao antecessor, baseado no comercial .308 Winchester ; foi-se o clipe ejetável e entrou um magazine destacável, inserido por baixo da arma, com padrão de capacidade de 20 cartuchos. A opção de tiro seletivo foi uma das maiores vantagens implementadas. A coronha foi encurtada deixando a arma mais leve. A tomada de gases no cano foi deslocada mais para trás e modificações foram implementadas evitando-se os entupimentos e frequente necessidade de limpeza. Com um poder de fogo de quase 3 vezes a capacidade de munição do Garand, apesar de utilizar um cartucho um pouco menos potente, a nova arma era, de resto, idêntica mecanicamente e tão confiável quanto o M1.

Com o muito versátil M14, o Exército contava agora com uma arma que, sozinha, substituía praticamente 3 até então utilizadas: o próprio M1 Garand, a carabina .30 M1 e o fuzil automático Browning.

Com a entrada dos USA na Guerra do Vietnã, o M14 era a estrela da infantaria e dos “marines”, com algumas modificações de pequena monta. Neste conflito, no qual os Estados Unidos participou oficialmente em 1965 e se retirando em 1973, o M14 provou suas excelentes qualidades, porém ainda um pouco grande e desajeitado para as condições de guerra na selva, onde era necessária uma arma ainda mais leve e de melhor portabilidade. Felizmente, a partir de 1966 iniciou-se uma lenta mas progressiva substituição do M14 por uma arma totalmente nova; o fuzil M16, apesar de que essa arma já estava sendo testada na operação desde 1962.

Cronologicamente, pode-se afirmar que o nascimento da arma se deu em 1958, quando a Armalite, uma divisão da Fairchild Aircraft Corporation introduziu o primeiro protótipo de um fuzil em calibre .22 de fogo seletivo, o qual recebeu a denominação de AR-15 Model 01. As iniciais AR provém de Armalite Rifle. O projetista Eugene Stoner, da Armalite, já possuía um projeto anterior denominado de AR-10 e que serviu de base para a nova arma. Nesta mesma época, a Armalite em parceria com a  Remington inicia o desenvolvimento de um cartucho militar baseado nos já existentes cartuchos de caça .222 Remington. Esse novo cartucho recebeu a nova denominação de .223 Remington.

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O fuzil AR-10, desenvolvido na Armalite por Eugene Stoner

O projeto AR-15 nasceu pesando cerca de 3,5 Kg e era municiado com carregador destacável para 20 cartuchos; era uma arma cujo tiro automático era de fácil controle, devido ao pouco recuo do pequeno projétil. A arma possui uma alça de transporte fixa e incorporada à armação, e a alavanca de carregamento do ferrolho se situa no interior dessa alça, em formato de uma lingueta. A alça também serve de montagem para a alça de mira. A coronha é retilínea, uma solução ergonomicamente interessante pois além de permitir a visada mais alta, devido à altura da mira, faz com que todo o recuo da arma seja no sentido horizontal, diretamente sobre o ombro, evitando as costumeiras “subidas” da boca do cano durante o tiro em rajadas. Coronha e punho pistola eram em polímero, bem como a proteção dianteira para as mãos. A massa de mira também é alta, acompanhando a traseira, e é também alojamento para a tomada de gases.

Entretanto, inúmeros problemas envolvendo precisão e confiabilidade de uso em diversos tipos de condições desfavoráveis, deixou a Armalite desanimada com o projeto, sendo que em 1959 ela vende os direitos de fabricação e patentes para a Colt Manufacturing Company. Talvez por uma questão de orgulho próprio, Eugene Stoner deixa a Armalite e ingressa na Colt em 1960, reassumindo o projeto e sanando grande parte dos problemas. Neste mesmo ano a Colt oferece ao comandante da Força Aérea Americana, Gen. Curtis LeMay, um lote de fuzis para testes. Na verdade já havia tempo que a USAF pretendia aposentar suas velhas carabinas .30M1.

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Uma das primeiras versões do AR-15, ainda com a alavanca de ferrolho na parte superior, no vão interno da alça de transporte.

Depois de diversos testes executados até 1962, a Agencia de Projetos e Pesquisas Avançadas dos Estados Unidos adquire 1.000 armas da Colt, que foram enviadas e distribuídas ao Exército da República do Vietnã, que nesta época estavam em luta contra insurgentes comunistas. O retorno obtido pela Colt dessas armas em uso  em combate foi muito favorável, inclusive em relação ao índice de letalidade que se obtinha do cartucho .223. Esse primeiro lote utilizado no Vietnâ, que possuía um acabamento e coronha em cor preta, ganhou o apelido de “The Black Rifle”.

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Primeira versão do fuzil Colt AR-15, já com a denominação oficial de M-16 – nesta versão, o ferrolho é armado através de duas “orelhas” na parte traseira da armação, uma solução ambidestra, portanto. 

Após avaliação dos resultados desse lote enviado ao Vietnã, a Força Aérea e a Marinha dos Estados Unidos resolvem adotar o fuzil; esta última equipa as unidades do SEAL com essas armas. O modelo 01 do AR-15 enviados aos testes era fornecido com canos de 20″ de comprimento, com fator de raiamento de 1:14, ou seja, uma volta completa em 14″. Essa relação provia bom grupamento e precisão, mas havia o problema de capotamento do projétil assim que atingisse um alvo de maior densidade. Solicitaram a mudança do passo de raias para 1:12, o que melhorou esse problema. Durante esse período, a arma recebe a denominação provisória de XM16E1.

Infelizmente, com o tempo passando e as armas ainda em testes, o que parecia ser um sucesso começou a parecer um fracasso. Problemas crônicos com a  ejeção dos cartuchos tornaram-se frequentes; a arma não dispunha de vareta e dessa forma, a extração dos cartuchos presos na arma era um suplício. Por volta de 1966 a 1967, incidentes desse tipo começaram a resultar em baixas entre os combatentes. Em fevereiro de 1967 o XM16E1 tornou-se oficialmente o M16A1, numa época em que a confiança na arma despencava vertiginosamente entre a tropa. Desde o início da década de 60 a Colt oferecia essa arma ao mercado civil norte-americano, com a denominação de AR-15, porém sem a opção de tiro seletivo.

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Reprodução de um catálogo da Colt Firearms de 1966, com o AR-15 Sporter à venda

O House Armed Services Comitee resolve criar uma equipe destinada a resolver os problemas do M16. Apesar de tudo indicar que a maioria dos problemas de ejeção eram por falta de manutenção e limpeza, o comitê chegou à conclusão de que a culpa era, mesmo, da pólvora. Por volta de 1963 o único propelente utilizado no .223 Remington era a Du Pont IMR 4475, de base nitrocelulose, ou seja, base simples. Pelo efeito de diversas alterações do projeto, em 1964 começaram a utilizar a Olin WC846, uma pólvora de base dupla, que exercia uma pressão interna muito maior, e ainda com tendência de carbonizar a câmara em excesso. Essa pólvora também causou um aumento na velocidade dos disparos em tiro automático, que os técnicos resolveram com a introdução de uma amortecedor de recuo. Quando o comitê apresentou as 51 páginas do laudo de avaliação, recomendou a retirada de cena da WC846 e a cromação interna da câmara de todos os fuzis.

Felizmente, com as correções efetuadas pela Colt, a arma voltou a  se comportar muito bem, tal como reportado nas batalhas de Shau Valley em 1969 e na ofensiva do Camboja no versão de 1970. O M16A1 permaneceu no Vietnã até o episódio da evacuação da embaixada norte-americana de Saigon, em 1975.

AR15_DiagramBVista explodida do M16A1 – clique para ampliar

Após a Guerra do Vietnã, o M16 esteve presente em diversos outros eventos turbulentos, como no Líbano em 1982 e a invasão de Grenada em 1983. A partir daí, alterações seriam executadas no projeto. A NATO (OTAN) resolve padronizar através de sua norma 4172 o cartucho 5,56X45mm. para uso em todos os fuzis de seus países associados. Apesar das dimensões desse cartucho serem as mesmas do .223 Remington, o projétil era pouco mais pesado (62 grains) e com núcleo de aço para melhorar a penetrabilidade. Esse cartucho foi desenvolvido pela Fabrique Nationale D’Armes de Guerre, a F.N. belga, como sendo o SS109, ou M855 para os americanos.

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Diversos tipos de munição 5,56X45mm utilizadas nos M16: (1) Munição padrão M193, ponta de 55 grains com núcleo de chumbo; (2) Munição M196 traçante, com efeito incendiário; (3) Cartucho “dummy”, inerte, só para treinamento de manuseio da arma; (4) Cartucho “blank”, festim; (5) Cartucho M855 para M4, ponta de 62 grains com núcleo de aço, à prova d’água; (6) Traçante M856, com tempo de queima superior ao M196; (7) Munição SRTA “Short Range Training Ammunition”, munição de baixa potência para uso em treinamento em estandes de curta distância, 25 a 50 metros; um ferrolho especial deve ser usado para permitir que a arma recicle corretamente. 

Nas munições ilustradas acima, a M855 e M856 não devem ser utilizadas em fuzis M16A1 (a não ser em casos emergenciais) e sim, nos M16A2 em diante, devido ao passo de raiamento da versão A1 não ser compatível com o tipo de projétil utilizado, não permitindo a correta estabilização do projétil em vôo. Para distâncias até 90 metros, a estabilização ainda é aceitável nestes casos.

Os fuzileiros navais americanos adotam as mudanças em novembro de 1983, no novo fuzil agora denominado de M16A2. Além disso, as miras foram aperfeiçoadas, introduziu-se um cano mais pesado com passo de raias de 1:9. Um seletor de tiro denominado de “Burst” foi implementado, que permite o disparo consecutivo de 3 cartuchos a cada premida do gatilho. Em 1986 o Exército segue os procedimentos da Marinha e aprova o M16A2, adquirindo cerca de 100.000 fuzis da Colt.

Em 1988 o governo americano abre uma ordem de aquisição à F.N. de 267.000 armas, a serem produzidas pela sua subsidiária nos Estados Unidos,  em Columbia,  estado da Carolina do Sul. Logo depois, 57.000 militares americanos levam seus novos M16A2 à invasão do Panamá. A maior participação dos M16 foi, sem dúvida alguma em 1991, na resposta à invasão do Kwait e na batalha Tempestade do Deserto, envolvendo cerca de 500.000 homens.

O M16A1 possui um comprimento total de 985 mm contra 1.003mm do M16A2, ambos comprovando a necessidade de prover armamento mais curto e mais leve, propiciando maior portabilidade e mais poder de fogo, em virtude dos cartuchos serem bem menores e mais leves do que seu antecessor, o 7,62X51mm NATO.

O sistema de funcionamento é a gás, com ferrolho rotativo. Ao contrário do M14 e Garand, o M16 não utiliza um pistão e vareta acionadora, que julga-se serem complicadores desnecessários. Ao invés disso, um tubo conduz parte dos gases recolhidos na altura da massa de mira e os leva até um êmbolo nas proximidades da cabeça do ferrolho, destravando-a. O uso de estamparia na fabricação de diversas partes da arma é o que favorece à uma redução de custos e simplificação no processo de produção.

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Lado esquerdo do M16A1 onde se pode visualizar o retém de abertura para desmontagem, na parte central da armação, e logo acima da empunhadura a alavanca seletora de tiro em 3 posições: SAFE (travada), SEMI (disparos de forma semi-automática) e AUTO, modificada posteriormente para BURST no M16A2. 

O projeto contempla uma essencial facilidade de acesso interno, para a manutenção e limpeza rápida, mesmo em combate. Pressionando-se um retém do lado esquerdo da armação, a porção superior da arma se articula para a frente em um ângulo aproximado de 45º. Nesta posição, o ferrolho e alavanca de armar podem ser retirados por trás e a arma pode ser limpa com facilidade.

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O M16A1 aberto para limpeza

A mola recuperadora, o tubo que a envolve e o êmbolo situam-se presos no interior da coronha. Geralmente não há necessidade de que sejam retirados, a não ser quando a arma sofreu imersão constante. Na figura acima pode-se ver também o martelo (cão) na posição desarmada, emergindo de dentro da parte inferior da armação.

Desde 1970 que a Colt vem desenvolvendo diversas versões baseadas no M16, mais curtas, denominadas de carabinas, tanto para suprir o mercado militar como o policial. Entretanto, a partir de 1990 a idéia de substituir a utilização de pistolas semi-automáticas em mãos das tropas por uma arma mais efetiva, tomou impulso; mais ou menos uma repetição do que ocorreu em 1941, na II Guerra, quando se introduziu a carabina .30M1 para substituir as pistolas Colt 1911 em mãos, principalmente, de oficiais em combate.

Resumindo, o M16 teve cinco versões básicas: M16, M16A1, M16A2, M16A3 e M16A4. Além das versões A1 e A2 já discutidas aqui, temos a A3, que era basicamente a versão M16A2 mas com tiro seletivo, uma exigência que veio da Marinha, a fim de equipar os SEALS e Seabees, além de algumas unidades de segurança.

O M16A4 introduziu a opção da alça de transporte removível, um trilho Picatinni em toda a extensão do protetor de mão.

Desde 1984 a Colt tinha em seus projetos, bem como vários exemplares produzidos, de uma carabina baseada no M16A2, a qual denominou de XM4. A XM4 possuía, dentre outras diferenças, a modificação da posição AUTO da chave seletora de tiro para BURST, pequenas rajadas de 3 disparos a cada premida do gatilho. Em 1994 o Exército Americano adota a carabina Colt 720 de tiro seletivo, basicamente um M16A2 mais curto, denominando-a de US M4 Carbine. A idéia era empregar a M4 no lugar das pistolas Beretta M9 e das submetralhadoras M3A1, e até mesmo dos fuzis M16A2. Era uma arma muito mais confortável e fácil de manusear e transportar, sem o comprometimento das boas qualidades de precisão e potência obtidas nos M16.

Características da carabina M4:

Calibre: 5.56mm NATO
Acão: Operação a gás, ferrolho rotativo
Comprimento: 838 mm com coronha estendida e 757 mm com coronha retraída
Cano: 370 mm
Peso: 2.52 kg sem carregador; 3.0 kg com carregador municiado com 30 cartuchos
Cadência: 700 a 950 disparos por minuto
Alcance Máximo Efetivo: 360 m

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Os dois lados da carabina M4 com a coronha retrátil recolhida

A M4 possui a alça de transporte removível, fixada a um trilho. Com a retirada dela, utiliza-se o trilho para montagem de miras telescópicas de vários modelos e finalidades. Algumas versões da M4 e da posterior M4A1 possuem a opção de tiro “full-auto” além do “burst“, o que denota a intenção de se usar a arma como submetralhadora. O trilho segue o padrão Picatinny, compatível com acessórios de uso civil e militar. 

A M4A1 possui o chamado Rail Interface System (RIS), no lugar do tradicional apoio de mão dianteiro. O conjunto de “tralhas tecnológicas” oferecidas para montagem do trilho superior e no RIS é enorme; diversos tipos de miras “Advanced Combat Optical Gunsight” (ACOG 4X telescópica, ACOG Reflex “red-dot”) e diversas miras abertas, apontadores laser  AN/PEQ-2 (visíveis ou infra-vermelho),  mira reflex M68 CCO, miras holográficas EOTech, supressores de ruído, lançadores de granadas, como o M203 de 40mm, miras especiais para uso com o M203, dispositivos de iluminação tática e apoio de mão tipo punho-pistola bem como bipés de apoio. Isso tudo transforma a arma em um aparato repleto de recursos e opções para todos os tipos de finalidades. 

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Carabina M4A1, alça de transporte removida, mira ótica ACOG e lança-granadas 40mm M203

Detalhes como esses fazem da arma uma base para o programa SOPMOD (Special Operations Peculiar Modification), que possibilita ao combatente alterar a sua arma instantâneamente, de forma a desempenhar melhor o papel desejado na missão. A coronha, por sua vez, completamente diferente do M16, é em polímero e retrátil em quatro posições diferentes.

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Carabina M4A1 com coronha estendida, punho pistola dianteiro e mira M68 Aimpoint Red Dot

Fuzil M16A4 com AN/PEQ-15 IR (apontador laser infra-vermelho), punho anterior RIS, luneta ACOG (Advanced Combat Optical Gunsight) e mira traseira Magpul MBUS

No presente momento, a carabina M4 com todas as suas variantes é a arma de linha de frente do Exército, dos Fuzileiros Navais, SOCOMS (Special Operations Command) bem como de unidades policiais especiais, estaduais ou federais, como o FBI. A Colt permanece, até os dias de hoje, como a maior fornecedora do M4 para as forças armadas americanas, mas diversas outras empresas produzem armas similares para clientes internos e externos, organizações de segurança privadas e unidades policiais. Empresas como Bushmaster Firearms, Olympic Arms e Thor Global Defense são algumas delas. 

As carabinas M4 e os M16 estiveram presentes em todos os conflitos importantes que o governo americano participou nas últimas décadas, desde na ação que capturou o ditador iraquiano Sadam Hussein até a ultra-secreta operação que invadiu a moradia e liquidou com o mais procurado terrorista da história americana, Osama Bin Laden.

Hoje é quase consenso geral de que o M16 e derivados é o melhor fuzil de assalto produzido, mesmo em comparação com os derivados de seu eterno rival russo AK-47, os mais modernos e equipados fuzis AK-107 e 108. De qualquer forma, a fama que precede o AK-47, bem como as armas derivadas desse fuzil criado por Mikhail Kalashnikov nos anos finais da década de 40, não é de forma alguma exagerada. Trata-se de um projeto digno, com alta performance e confiabilidade, que até hoje permanece em serviço, com eficiência e muita admiração por soldados de inúmeras nações que o utilizam.

O M16 e sua grande família que gerou está em serviço no Governo dos Estados Unidos há 50 anos, sendo assim o fuzil que mais tempo de serviço prestou à nação até agora. Apesar dos tempos tenebrosos que essa arma enfrentou nos primeiros anos da década de 60, quando o projeto por pouco não foi abandonado, a equipe de engenheiros e técnicos dedicou-se com afinco, com perseverança, confiança e capacidade tecnológica para resolver os problemas. Esse pessoal é, a bem da verdade, os heróis da história, responsáveis pelo sucesso e inquestionável padrão de armamento bélico que essa arma atingiu durante esses anos.

Written by Carlos F P Neto

30/10/2013 às 13:16

17 Respostas

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  1. Godofredo, falamos sobre ele no nosso artigo sobre o M1 Garand. Abraços.

    Carlos F P Neto

    09/12/2018 at 18:59

  2. Um artigo sobre o m14 seria legal

    Godofredo Silva

    08/12/2018 at 22:36

  3. Aldrin, apesar de que a nomenclatura empregada muitas vezes é imprecisa, mas para mim não resta dúvida de que o M16 padrão é um fuzil, apesar de que há versões mais curtas. A CAR-15 antiga, como foi utilizada no Vietnam, era o mesmo M16 com cano reduzido de 20″ para 10″. A atual M4 Commando tem somente 11.5″ de comprimento de cano, o que caracteriza como carabina, sem sombra de dúvida.

    Carlos F P Neto

    12/06/2017 at 12:35

  4. Bom dia,sou armeiro do corpo de fuzileiros navais e gostaria de sanar minha dúvida a respeito do m4 carbine mod.779,e do colt comand mod 733,se eles são fuzis ou carabinas,pois eles tem o cano muito curto em comparação ao m16 mod 705 standart,pois na internet deixa muitas dúvidas a respeito.

    Aldrin Marcelino de Freitas

    11/06/2017 at 14:07

  5. O camarada Edvaldo perguntou em 15/06/2015 at 16:45 “amigo qual seria a diferença entre .223 e 5.56 x 45 mm ?”
    Ao pouco que já li a respeito informa basicamente que são pequenas, quase insignificantes diferenças nas dimensões dos cartuchos, mas .223 Rem. é de uso comercial civil mais indicado à caça de pequeno e médio portes sendo um pouco menos potentes gerando uma determinada pressão na câmara de disparo. Sendo sua origem para armas manuais.
    Já o 5,56 x 45 mm, embora seja largamente utilizado por civis nos USA para TODAS as finalidades, seu projeto foi realmente baseado no .223 Rem., mas com alterações para emprego militar. A espessura de seu estojo (cartucho) é maior, o tipo de pólvora modificado para gerar uma pressão maior na câmara e propelir projéteis mais pesados.
    Ou seja, é perfeitamente seguro disparar uma munição .223 Rem. em uma arma militar 5,56 x 45 mm, mas disparar uma munição 5,56 mm OTAN numa arma de calibre nominal .223 Rem. já não é tão garantido!
    Em tempo…. Uma arma semi-automática e/ou automática precisa de certos parâmetros de funcionamento mecânico para funcionar, a chamada “ciclagem”.
    No exemplo que apreciamos, caso a pressão gerada por um cartucho .223 Rem. (com pressão um pouco menor que o 5,56 mm OTAN) numa câmara de um AR-15 por exemplo, não conseguir o necessário recuo do ferrolho trazendo e ejetando o estojo deflagrado e “empolgando” nova munição do carregador levando-a à câmara, teremos o chamado incidente de tiro, onde o ferrolho voltou à câmara levando de volta o estojo deflagrado (obviamente sem um novo disparo já que o estojo já está vazio), ou recuou apenas o suficiente para a ejeção do estojo vazio mas não o bastante para pegar nova munição no carregador voltando sem munição à câmara, ou ainda, conseguiu ejetar o estojo deflagrado, pegou a nova munição mas não tinha força suficiente para empurrá-la até a câmara “atravessando-a” na janela de ejeção!
    Mais ou menos assim!!
    Saudações!

  6. Prezado Laercio, grato por suas pertinentes explicações, mas no nosso texto afirmamos que o M14 é muito similar, mas não idêntico mecanicamente, ao antecessor Garand.

    Carlos F P Neto

    28/09/2016 at 11:21

  7. O M14 e o Garand não são “idênticos mecanicamente”. O Garand opera no sistema “long stroke” com o pistão solidamente acoplado ao ferrolho e atuando em todo seu percurso. O M14 opera no sistema “sort stroke” no qual o pistão move-se em distância menor que o bloco do ferrolho, o qual movimenta-se em recuo por inércia, a pós a cabeça giratória ter-se liberado dos entalhes, pela ação do pistão.

    Laercio F Oliveira

    26/09/2016 at 23:24

  8. Muito bom o artigo, excelente para desmitificar algumas fabulas divulgadas sobre esta arma, principalmente por quem fala sem conhecimento de causa, eu usei ( CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS-MARINHA DO BRASIL) e recomendo, um dos melhores fuzis já criados.

    Rossean Viana

    27/09/2015 at 15:10

  9. Um dado que pouco se fala sobre o AR-10 é que o país onde ele é mais facilmente encontrado é em….Angola! Isso se deve ao fato de que uma das poucas forças que o adotou oficialmente e o empregou em combate foram os paraquedistas portugueses. A Infantaria usava o H&K G-3.

    Quanto à pergunta do Mateus Fontenelle sobre a “sub” Carl Gustaf, é interessante notar que os SEALs se interessaram por ela, porém a Suécia embargou a venda para o governo norte-americano, já que a postura de neutralidade sueca impede a exportação de armas a países beligerantes. Então, os EUA descaradamente copiaram a arma (Smith & Wesson M76).

    Erick Tamberg

    29/07/2015 at 19:02

  10. Elber, a primeira versão onde a alça de transporte podia ser removida era a M16A4,ok? Abraços.

    Carlos F P Neto

    26/06/2015 at 18:50

  11. Qualquer fuzil M16A2 pode remover a alça de transporte?

    Elber Mendonça

    22/06/2015 at 0:01

  12. Edvaldo, no nosso texto sobre o fuzil M16 há as devidas diferenças existentes entre as duas nomenclaturas. Dimensionalmente os dois são idênticos, mudam-se as pontas e o propelente.

    Carlos F P Neto

    15/06/2015 at 22:42

  13. amigo qual seria a diferença entre .223 e 5.56 x 45 mm ?

    edvaldo

    15/06/2015 at 16:45

  14. Carlindo, grato pela sugestão e pensaremos nisso em breve.

    Carlos F P Neto

    05/03/2014 at 15:14

  15. Que tal uma dica de materia? Que tal falar sobre a nova familia de armas da taurus, que tem, inclsuive, um fuzil 556 e a metralhadora 40 e a carabina 40?

    fica a dica

    abraços e parabens pelo site…

    Carlindo Dias
    carlindo2005@gmail.com

    Carlindo Dias

    04/03/2014 at 15:13

  16. Mateus, A Stoner LMG é uma metralhadora leve em calibre 5,56mm. A M45 Carl Gustav foi lançada em 1945 e foi utilizada pelos SEALS norte-americanos na guerra do Vietnã. Abraços.

    Carlos F P Neto

    06/12/2013 at 14:12

  17. Existe uma arma chamada de Stoner LMG?A submetralhadora Carl Gustav 45 teve alguma participação na guerra do vietnã?

    Mateus Fontenelle

    06/12/2013 at 10:23


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