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O Museu de Polícia Militar de São Paulo

Por Douglas de Souza Aguiar Junior[1]

O Museu de Polícia Militar do Estado de São Paulo foi criado em 11 de agosto de 1958 pela Secretaria Estadual de Educação através do Decreto Estadual nº 33.392, convalidado pela Lei Estadual nº. 7.872 de 03 de abril de 1963, tendo sido idealizado pelo professor Vinício Stein Campos. Denominado “Museu Militar de São Paulo”, tinha originalmente por objetivo a preservação da memória da Força Pública e das Forças Armadas na história de São Paulo.

Fachada do Museu de Polícia Militar de São Paulo

Em 1976 o museu foi transferido para Secretaria de Segurança Pública, ficando subordinado diretamente à Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP). Com essa mudança, o Museu passou a dedicar-se ao objetivo de reunir, conservar, catalogar e expor o material histórico relativo à força policial bandeirante, assumindo sua direção o Cel. PM Edilberto de Oliveira Melo (1920-2020).

Atualmente, o Museu tem como missão preservar não apenas a memória da polícia militar paulista, mas, também, o legado da Força Pública, da Guarda Civil Estadual, da Polícia Marítima e Aérea, da Polícia Feminina, da Guarda Noturna e da Polícia Especial – corporações que, desde 1831, integraram a história da corporação em diferentes períodos e das quais a PMESP é herdeira direta e guardiã de suas tradições.

O EDIFÍCIO E O ACERVO

O edifício onde encontra-se instalado o Museu foi projetado pelo famoso escritório de arquitetura de Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851-1928) que, entre outras obras icônicas da cidade de São Paulo, foi responsável pelos projetos do Theatro Municipal (inaugurado em 1911), a Pinacoteca (1914), o vizinho Quartel da Luz (1891, sede do 1º Batalhão de Choque da Força Pública, atual ROTA), o Palácio das Indústrias (1924, atual Museu Catavento), Mercado Municipal de São Paulo (1933) e o Palácio de Justiça de São Paulo (1933).

O edifício foi projetado dentro do princípio do sistema de pavilhões unidos através de galerias cobertas. Esses pavilhões eram em números de oitos, dispostos três a três nas laterais, um centrado na frente e outro atrás.

A Lei n. 189, de 23 de agosto de 1893, autorizou o governo estadual a mandar construir, anexas ao Quartel da Luz (atual ROTA), as dependências necessárias à organização do Hospital da Força Pública, consignando a verba de 130:000$000 (cento e trinta contos de réis), retificada pelo Decreto n. 225, de 25 de dezembro do mesmo ano. Em terreno próximo ao quartel instalou-se, em 1896, a primeira fonte de energia elétrica da cidade. Fornecia, por meio de baterias, energia para as lâmpadas incandescentes dispostas em importantes setores do quartel e do Hospital da Brigada Policial.

O orçamento foi aprovado em 1893 e as obras se iniciaram três anos depois, sendo que estudos científicos foram usados para definir disposição das salas, quantidade de leitos por enfermaria e até áreas para banho de Sol. O hospital foi também o primeiro de seu gênero na cidade a separar os doentes de acordo com os tipos de enfermidades.

Como em outros projetos, o escritório de arquitetura de Ramos de Azevedo imprimiu a marca distintiva de sua arquitetura: racionalismo, respeito rigoroso ao programa, simplicidade e referência historicista pertinente e apropriada ao tipo; atualização em relação aos preceitos sanitários e higiênicos.

Voluntários paulistas (identificados pelos capacetes de aço) posam para a câmera com uma variedade de armas que reflete a mobilização da população em prol do ideal constitucionalista. Ao lado do fuzil regulamentar Mauser 1908, vemos a carabina Winchester Modelo 1892 e uma variedade de revólveres.

Ao longo de sua história o conjunto recebeu outras finalidades, e parte do complexo foi demolido no fim da década de 1980, para dar lugar a novas instalações utilizadas pela Polícia Militar de São Paulo. A estrutura remanescente, entretanto, ainda preserva muitas de suas características originais, sendo dotado de amplas janelas e portas em pinho-de-riga, pé-direito de mais de 4,5 metros, escadaria em mármore de Carrara, vitrais franceses e ladrilhos portugueses.

O edifício passou por uma fase de acentuada degradação decorrente de sua idade, que resultou em seu fechamento para visitação pública entre 2011 e 2017. A partir de 2016, agora sob direção do Coronal PM Galdino Vieira da Silva Neto, iniciou-se um processo de reforma de suas instalações, que resultou em sua reabertura parcial ao público em 24.02.2017.

A gestão do Museu é feita pela Associação do Museu de Polícia Militar, criada em setembro de 2016 e composta por militares e membros da sociedade civil, que atuam de modo coordenado com a Diretoria do Museu, visando conferir a este uma gestão moderna e transparente, caracterizada pela continuidade de seus projetos e ações. A Associação também indicou o atual Curador de armamentos, Douglas de Souza Aguiar Junior, que vem desenvolvendo suas atividades, em caráter voluntário, desde outubro de 2016.

 

Motos Harley Davidson do acervo (da esquerda para direita): modelo 1993 (doação do 2º Batalhão de Polícia do Exército), Modelo 1969 e Modelo 1936.

O acervo é constituído por coleções de uniformes, coberturas, insígnias, armas, medalhística, mobiliário, bandeiras, materiais de campanha, equipamentos de comunicação e de operações, mapas, fotografias e efemérides. Destacam-se, ainda, as coleções da Revolução Constitucionalista, as viaturas (inclusive de tração animal) e a secção dedicada à aviação policial.

Modelo do hidroavião Savoia Marchetti SM55 “JAHÚ”, usado na heróica travessia do Oceano Atlântico em 1927, sob comando de João Ribeiro de Barros, tendo como copiloto o tenente da Força Pública paulista, João Negrão (1901-1978).

A biblioteca do museu, dedicada à temática policial e militar, reúne aproximadamente 8 mil livros, 12 mil exemplares de periódicos e os Boletins Gerais da Força Pública, da Guarda Civil Estadual e da atual Polícia Militar. Conserva, ainda, um acervo de aproximadamente 30 mil fotografias, 20 mil negativos e 20 mil arquivos de mídia diversos. É fundamental destacar que todo esse acervo está disponível para consulta.

O Museu atualmente é uma entidade reconhecida pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), nos termos da Lei nº 11.904/09 (“Estatuto dos Museus”) e do Decreto nº 8.124/13, devidamente incluído no respectivo sistema nacional de identificação dos museus brasileiros (Museusbr).

A COLEÇÃO

Em razão da cultura desarmamentista que vem demonizando as armas de fogo ao longo das últimas décadas, a exposição desse tipo de peça vem perceptivelmente desaparecendo dos museus nacionais – inclusive os de temática militar. Em muitos casos, as (poucas) coleções expostas ao público são compostas de armas desativadas de modo radical, com a destruição/inutilização permanente de seus mecanismos, o que elimina seu valor como item de estudo histórico.

Entre mais de 12 mil itens, o acervo do museu reúne coberturas que datam do fim do século XIX até a década de 2010.

Esse cenário desolador não passou despercebido à atual administração do Museu. Embora não seja estritamente um “museu de armas”, a atual direção e a curadoria possuem como uma de suas diretrizes a exibição destacada das armas de seu acervo em cada exposição organizada. As armas são mostradas como parte integrante de cada período histórico, devidamente identificadas e contextualizadas. E o mais importante: a desativação exigida para exposição pública é realizada de modo a preservar seus componentes e a integridade da peça para a eventualidade de estudos futuros por pesquisadores e historiadores.

A coleção de armas do Museu possui um acervo eclético, decorrente da origem das peças incorporadas na coleção. Em linhas gerais, o acervo é composto de (1) armas de serviço das forças policiais que fizeram parte da história da atual PMESP, (2) doações de instituições e indivíduos, (3) apreensões que, depois do trâmite legal, foram destinadas ao Museu por conta de sua importância histórica e (4) aquisições no mercado de colecionadores.

Esse leque amplo de meios de aquisição de peças, somado a uma história que abrange quase 200 anos de existência das forças policiais paulistas serviu para a construção de uma coleção não apenas eclética, mas, também, representativa de vários episódios históricos do Estado de São Paulo e do Brasil. As peças abrangem os primórdios da Nação, passando pela Guerra do Paraguai (1864-1870), Guerra de Canudos (1893-1897), Missão Militar Francesa (1906-1914 e 1919-1924), Revolução de 1924, Revolução Constitucionalista de 1932, II Guerra Mundial (1939-1945) e Governo Militar/Guerra Fria (1964-1985).

O acervo possui itens como o revólver Lefaucheux Modelo 1854 e o mosquete sistema Minié Modelo 1857, usados como armamento pelos paulistas que integraram o 7º Corpo de Voluntários da Pátria durante a Guerra do Paraguai. Outras peças do mesmo período incluem um revólver Smith & Wesson Modelo 1 ½ (1ª Variação) e o curiosíssimo revólver belga J. Chaineux, com um tambor com capacidade para 12 (doze) cartuchos no sistema “pinfire”.

De algumas décadas mais tarde, a clavina sistema Comblain (e sua baioneta Yatagan), o Kommissiongewehr Modelo 1888 (a primeira arma de pólvora “sem fumaça” usada pelo Brasil) – tanto nas versões fuzil quanto na carabina – e o Mauser Modelo 1894 (fuzil e mosquetão), armas que estiveram envolvidas na Guerra de Canudos, juntamente com os revólveres Gerard M1878 e Nagant M1883.

Soldados do 4º Batalhão de Caçadores da Força Pública fotografados em 1910. Armados com fuzis Mauser Modelo 1908, calibre 7 X 57, já é evidente a influência resultante da Missão Francesa contratada pelo governo paulista em 1906.

Armas de uso da Força Pública Paulista do início do século XX se fazem presentes através dos fuzis Mauser Modelo 1908 e Modelo 1935, metralhadoras Hotchkiss M1914 e fuzis-metralhadores Hotchkiss M1921, Madsen M1934 e CZ ZB26. Entre as armas de porte, o museu possui não apenas um dos ícones da Missão Francesa, o revólver Saint-Etiènne Modelo 1892 (com seu raro coldre francês), mas também outros clássicos do período como as pistolas Mauser C96 e Luger Modelo 1906 do Contrato do Exército Brasileiro.

Revólveres clássicos no calibre .38 Special como o Smith & Wesson Modelo 1905 (Military & Police) e o Colt Police Positive Special, além de peças menos conhecidas como o Orbea Military Model 1915 e o Errasti Modelo Dreadnought compõem o acervo e integram a exposição de armamento da Revolução Constitucionalista de 1932. Do mesmo período, não se pode esquecer as carabinas norte-americanas Winchester Modelo 1873 (a lendária “papo amarelo”) e Modelo 1892, ambas em calibre .44-40 WCF e armas usadas pelos voluntários civis, como os Colt Police Positive e os Orbea Modelo 1926.

O envolvimento em conflitos como a já citada Revolução de 1932 e a II Guerra Mundial, garantiu a incorporação ao acervo de peças que, embora não tenham sido armas de uso policial, ilustram vividamente o envolvimento da força policial paulista nesses episódios dramáticos.

Soldados da Companhia de “Military Police” da Força Expedicionária Brasileira, ao lado de prisioneiros alemães, 1944. O núcleo dos MP foi formado por 78 soldados da Guarda Civil Estadual paulista, adotando a insígnia usada pelos americanos, composta por duas pistolas Harper’s Ferry 1805 cruzadas – símbolo esse adotado permanentemente após a guerra (Arquivo Nacional).

É o caso da pistola Colt Government Model, calibre .45 ACP, que pertenceu à primeira compra militar desse modelo por uma força armada brasileira, cujo exemplar pertencente ao Museu fez parte do lote inicial de 200 armas entregues para o encouraçado “Minas Geraes”, que se encontrava em reforma nos EUA em setembro de 1921. A arma em questão muito provavelmente foi capturada por constitucionalistas durante os combates contra os fuzileiros navais ao redor da cidade de Cunha/SP. Essa arma figurou em destaque em um importante artigo publicado na mídia especializada nos EUA (mais detalhes, a seguir).

Pistola Colt Government Model 1911, calibre .45 ACP fabricada em 1921. Essa é uma das 200 primeiras pistolas deste modelo adquiridas pelo Brasil, tendo sido adquiridas pela Marinha de Guerra e entregues no lendário encouraçado “Minas Geraes”, enquanto este estava sendo modernizado em Nova York em 1921. Exibida junto de um cinto, fiel e porta carregadores padrão “Mills” (no mesmo padrão usado pela Marinha), essa arma provavelmente é uma presa de guerra resultante dos combates entre constitucionalistas e Fuzileiros Navais na região de Cunha em 1932.

Ainda da Revolução Constitucionalista, o Museu tem em exibição o morteiro (bombarda) Major Marcelino, desenvolvido durante a guerra e fabricado pela Escola Politécnica, as granadas Mills (feitas pelas indústrias paulistas), além de bombas aéreas e o raro sabre-lançador de granadas também desenvolvido pelos engenheiros paulistas.

Outras presas de guerra, agora ilustrando a participação da Guarda Civil estadual como núcleo do batalhão de “Military Police” (equivalente da nossa Polícia do Exército) da Força Expedicionária Brasileira na Itália em 1944/45, são pistolas Luger P.08, Radom VIS35 e FN Browning Modelo 1922 de uso da Wehrmacht, além das submetralhadoras Beretta Modelo 1938 (de uso das forças italianas e dos paraquedistas alemães) e MAS38 (de fabricação francesa, modelo usado pelos partisans para executar o ditador Benito Mussolini). Vale mencionar, ainda, um icônico capacete de aço alemão M42 (“Stahlhelm”) também trazido da Europa.

Armas usadas pelos MPs da FEB também compõem o acervo, incluindo o revólver Smith & Wesson Modelo 1917 e as pistolas M1911A1 de diferentes fabricantes (incluindo a escassa versão fabricada pela Union Switch & Signal). Submetralhadoras Thompson M1 e M3 “Grease Gun” e o fabuloso fuzil semiautomático americano M1 Garand também compõem o acervo de armas da II Guerra Mundial usadas pelos policiais brasileiros na campanha italiana.

O acervo ainda conta com armas pertencentes ao período em que o “Exército Paulista” se transforma em uma força de maior perfil policial, na acepção moderna do termo, mas que compõem igualmente a memória da corporação. Passando pelas controvertidas submetralhadoras INA M950 e M953, o acervo conserva as pistolas alemãs Walther PP em calibre .380 ACP (9 mm Kurz) que foram adquiridas pela Força Pública em 1936 e que permaneceram em uso por mais de sete décadas. Do mesmo período, as impressionantes Mauser M712 “Schnellfeuer” e a submetralhadora Schmeisser MP28.II, ambas em calibre 7,63 mm Mauser, que também permaneceram em serviço por quase meio século.

Representando um último estágio histórico, já na segunda metade do século XX, o museu conserva exemplares dos revólveres Taurus Modelo 80 (“canela seca”) – a primeira arma de porte policial de fabricação nacional – além de seus robustos sucessores, os modelos 82S e 65 -, carabinas Rossi Puma e espingardas Rossi Overlord.

Permeando a coleção de armas de uso policial e militar, o museu abriga raridades e curiosidades que adicionam uma perspectiva mais ampla à coleção. Armas como uma rara pistola Frommer Modelo 1910, uma cópia belga da carabina revólver Colt New Model 1855, um impecável fuzil francês Lebel Modelo 1886/93, uma pistola Colt Pocket Hammer 1903, as pistolas FN Browning Modelo 1900, Modelo 1906, Modelo 1910 e Baby, pistolas Mauser Modelo 1910 e Modelo 1914, revólveres Smith & Wesson “Top Break”, o Colt Automatic Rifle Model 1919 (versão “comercial” do BAR1918, em calibre 7 mm Mauser), pistolas Beretta M950 e M1935, e variações diversas dos Velo-Dogs etc. compõem o acervo e permitem ao museu contar com itens capazes de adicionar perspectivas diferentes em cada exposição.

Além das armas, é importante destacar, o museu busca preservar e, na medida do possível, expor, acessórios e complementos como munições de treino, cintos táticos, coldres, manuais, ferramentas de manutenção, caixas originais, baionetas, espadins e municiadores. São itens que, muitas vezes, dada sua intrínseca fragilidade, dificilmente são encontradas.

Todo o acervo é mantido sob estrito sistema de segurança, com câmeras de vigilância dotadas de sensores presenciais.

PRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO DE ESTUDOS

Uma das maiores preocupações da atual direção e curadoria do Museu é a divulgação de trabalhos e estudos na imprensa especializada no Exterior, em especial, nos Estados Unidos e Europa. Essa atividade visa divulgar episódios da história militar brasileira nas quais a Polícia Militar de São Paulo tenha tomado parte e, ainda, armas históricas de interesse internacional que tenham sido de uso em nosso país.

Busca-se com isso atingir dois objetivos: (1) divulgar a nossa história e tradições militares, completamente ignorada não apenas no Brasil, mas, também, no cenário exterior e (2) consolidar o Museu de Polícia Militar de São Paulo como referência no estudo de armas históricas usadas pelas nossas forças policiais e militares.

Desse modo, desde 2017 a curadoria de armamentos do museu tem ajudado na confecção de tipos variados de mídia (livros, reportagens e vídeos) onde o uso de determinados armamentos pelo Brasil, anteriormente ignorados por autores e colecionadores estrangeiros, vem ganhando destaque graças ao trabalho efetuado no museu. Entre os trabalhos que contaram com a colaboração do Museu de Polícia Militar do Estado de São Paulo destacam-se:

The FN-49- The Last Elegant Old-World Military Rifle, de Wayne Johnson (Wet Dog Publishers), 2019.

The Brazilian Nagant Model 1883, de Ian McCollum. Vídeo do canal “Forgotten Weapons”, acessível no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=ARKeG5yWywE), 2020.

Revolução de 1932 – A História da Guerra Paulista em Imagens, Objetos e Documentos, de Ricardo Della Rosa (Ed. Livros de Guerra), 2019.

Blue Book of Gun Values, de S. P. Fjestad (Blue Book Publications), assessoria em todas as edições desde 2018 e

The Luger, de Neil Grant et alli (Osprey Publishing), 2018.

Além do suporte a terceiros, a curadoria do Museu tem produzido e publicado artigos em importantes veículos internacionais especializados em armaria e colecionismo. Com isso, tem levando ao conhecimento de um público especializado, detalhes de armas e outros itens que eram, até então, completamente ignorados por um público sempre ávido por novidades. Esse trabalho tem ajudado a incrementar a bibliografia mesmo de armas que já foram estudadas ao extremo, como pistolas Colt e Luger e carabinas Winchester, por exemplo.

Nesse contexto, a Curadoria do Museu de Polícia Militar, publicou, em parceria com o autor americano Luke Mercaldo, diversos artigos no exterior:

Brazilian Expeditionary Force – Medals from the “Forgotten Ally” – Military Trader Magazine, edição de setembro de 2018 (matéria de capa). Disponível on line em https://www.militarytrader.com/militaria-collectibles/medals-from-the-forgotten-ally

The Smoking Snakes: Brazilian Expeditionary Force Militaria Journal of the Orders and Medals Society of America, v. 70, nº 1 (janeiro-fevereiro/2019), matéria de capa.

The Luger of The Tropics – American Rifleman (NRA). Publicado na versão on line da revista, em 10/04/2019. Disponível on line em https://www.americanrifleman.org/articles/2019/4/10/the-luger-of-the-tropics

The First Colt Government Models in Brazil – The Rampant Colt, volume 39, nº. 2 (verão 2019). Revista oficial da Associação de Colecionadores de Armas Colt nos EUA. Essa reportagem trata do esquecido contrato da Marinha do Brasil, feito nos anos 1920.

Fighting For The Constitution! – Winchester Rifles During the Brazilian Constitutional Revolution of 1932 – Winchester Collectors Magazine (Summer, 2020). Revista official da Associação de Colecionadores de Armas Winchester.

Outras publicações tem sido feitas também no Brasil, com matérias aparecendo em revistas como “A DEFESA NACIONAL” (a revista científica oficial do Exército Brasileiro) e “Operacional” (revista de temática militar).

LOCALIZAÇÃO

O museu encontra-se localizado na rua Dr. Jorge Miranda nº 308, no bairro da Luz, no centro da cidade de São Paulo, ao lado do quartel do Regimento de Cavalaria “9 de Julho” e em frente ao histórico quartel do 2º Batalhão de Choque, ambos da Polícia Militar de São Paulo.

O local conta com estacionamento próprio (gratuito) e está situado a apenas cerca de 300 metros da estação de metrô Tiradentes. Os dias e horário de funcionamento podem ser conferidos no site da instituição (http://museupoliciamilitar.com.br/) ou através dos telefones (11) 3311-9955 / (11) 3227-3793. Agendamento de grupos de estudantes e guias monitoradas podem ser agendadas previamente. A equipe de monitores é composta de policiais extremamente dedicada e ciosa da importância do museu – valores compartilhados por todo staff administrativo e voluntários que assessoram o museu em várias áreas.

Também é extremamente recomendável seguir as publicações realizadas pelo Museu nas mídias sociais como Facebook (https://www.facebook.com/Museu-de-Policia-Militar-de-S%C3%A3o-Paulo-269236449846361) e Instagram ( @museupm ).

Nossos agradecimentos ao atual Diretor do Museu de Polícia de Militar de São Paulo, Cel. PM Galdino Vieira da Silva Neto.

A seguir, algumas fotos históricas e de parte do acervo do museu:

Mostruário com uniformes da idealizadora e fundadora da Polícia Feminina de São Paulo, Cel. Hilda Macedo (1916-2005).

Mostruário com uniformes usados durante a II Guerra Mundial pela Organização Feminina Auxiliar de Guerra (à esq.) e de um Military Policeman da Força Expedicionária Brasileira (á dir.).

Oficiais cadetes treinam o uso da Madsen Modelo 1934, em sua montagem de tripé, na década de 1950.

Integrante da Polícia Feminina treinando com um revólver Taurus Modelo 80, no Club de Regatas Pinheiros em abril de 1964. Criada em 1956 como uma instituição à parte, a Polícia Feminina seria integrada à Força Pública em 1966.

 Membros da radio-patrulha da ROTA (Ronda Ostensivas Tobias Aguiar, do 1º Batalhão de Choque da PMESP) fotografados no fim dos anos 1970. O soldado fora da viatura usa uma vetusta submetralhadora Schmeisser MP28.II (adquirida pela Força Pública paulista na década de 1930).

Revólver Lefaucheux Modelo 1854, calibre 11 mm pinfire, usado durante a Guerra da Tríplice Alliança (1864-1870).

 Revólver Smith & Wesson Modelo 1 ½, contemporâneo da Guerra da Tríplice Aliança, calibre .32 SW de fogo circular.

Outro provável veterano da Guerra do Paraguai: o revólver produzido por J. Chaineux (Bélgica), com seu impressionante tambor com capacidade para 12 cartuchos calibre 9 mm Lefaucheux (“pinfire”) e abaixo detalhe do tambor desse revólver.

Mostruário exibindo as principais armas curtas usadas durante a Revolução Constitucionalista de 1932.

Um dos ícones da Força Pública paulista e da Missão Francesa (1906-1914): o revólver Saint Etiènne Modèle 1892, calibre 8 mm Lebel. Adquiridos entre 1911 e 1914, o exemplar da foto foi fabricado em 1913 e está com seu coldre original, que também segue o modelo usado pelo exército francês.

Repousando sobre a bandeira do Estado de São Paulo, três veteranas da Revolução Constitucionalista: carabinas Winchester Modelo 1892, nas versões Saddle Ring Carbine (com cano de 20 polegadas) e Trapper (com cano de 16 polegadas), e um Modelo 1873 (“papo amarelo”). Junto um sabre de oficial da Força Pública no padrão usado entre as décadas de 1910 e 1940.

Metralhadora Hotchkiss Modelo 1914, calibre 7 x 57 Mauser, um dos exemplares adquiridos logo após a I Guerra Mundial, como influência da 2ª Missão Francesa (1919-1924).

Mostruário exibindo as principais armas longas portáteis usadas durante a Revolução Constitucionalista de 1932: fuzil Mauser Modelo 1894, fuzil Mauser Modelo 1908, mosquetão FN Mauser Modelo 1922,  carabina Winchester Modelo 1892 e o fuzil metralhador Hotchkiss Modelo 1921.

Três exemplares da pistola Walther Modelo PP, calibre .380 ACP (em alemão, 9mm Kurz), que foram adquiridas pela Força Pública paulista em 1936. Essas armas permaneceriam em serviço por sete décadas, sendo finalmente retiradas de serviço em 1999-2000. Detalhe para o retém do carregador, localizado na base da empunhadura.

Lindo exemplar da submetralhadora alemã Schmeisser MP28.II, calibre 7,63 Mauser, acondicionada em sua caixa de transporte. Adquiridas por volta de 1934, essas armas tiveram um uso longevo nas forças policiais de São Paulo, testemunho da qualidade destas armas.

Outra veterana da década de 1930 que teria uma carreira longa foi a Mauser M1932 “Schnellfeuer” (Fogo Rápido”). Aqui, dois exemplares exibindo as configurações de carabina/submetralhadora ou de pistola, bem como os dois tipos de carregadores destacáveis, para 10 e 20 cartuchos. Essas armas ainda eram vistas em viaturas 40 anos depois de sua aquisição, sendo finalmente retiradas de serviço no início da década de 1980.

Detalhe do fuzil metralhador Hotchkiss Modelo 1921, ao lado de sua caixa de munição e conjunto de ferramentas de manutenção.

               

Manuais da metralhadora Madsen Modelo 1932. Manuais históricos como esses, podem ser consultados na biblioteca do Museu. O da direita é o manual da submetralhadora alemã Schmeisser MP28.II, editado pela Força Pública de São Paulo na década de 1950. Clique na foto para ampliar. 

Representando as armas curtas usadas pelos soldados da Military Police da FEB, durante a II Guerra Mundial, o acervo conta com pistolas norte-americanas M1911A1, calibre .45 ACP, feitas pela Remington Rand, Ithaca e a escassa Union Switch & Signal.

Uma das armas que consolidou o calibre .38 Special como munição policial por excelência depois da II Guerra Mundial: o Colt Police Positive Special. O exemplar da foto, fabricado em 1950, é exibido com o coldre e cinto de serviço, bem como o icônico capacete M1 em fibra, na cor azul da Força Pública.

Submetralhadoras INA M950 e M953, calibre .45 ACP, com as marcações para a Força Pública e a Guarda Civil.

Armas de uso civil também são preservadas no acervo, como esse belo revólver Taurus Modelo 71, calibre .32 SWL, fabricado na década de 1960, ainda com sua caixa original.

 

Outra arma icônica da polícia paulista, o Taurus Modelo 80 (“canela seca”). Foi, a partir da década de 1950, a primeira arma de porte nacional a equipar a polícia de São Paulo.

O Museu de Polícia Militar de São Paulo também preserva a história de fabricantes nacionais que desapareceram, como mostram esses revólveres das marcas Castelo (em cima) e INA modelo “Tigre” (embaixo).

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[1] Advogado (USP) e pesquisador autônomo de história militar há mais de vinte e cinco anos, com foco em armas portáteis do período compreendido entre 1850 e 1945. Possui trabalhos publicados no Brasil e no exterior, respondendo desde 2016 pela Curadoria de Armamentos do Museu da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

Written by Carlos F P Neto

25/06/2017 às 11:27